Considerada uma das maiores procissões católicas do mundo, o Círio de Nazaré chegou à sua 226ª edição no último domingo, 14 de outubro, reunindo quase 2 milhão de pessoas pelas ruas de Belém (PA) em um trajeto de 3,6 quilômetros percorrido em cerca de 5 horas.

O Círio é celebrado todo segundo domingo de outubro, em honra à Nossa Senhora de Nazaré, padroeira do Pará e chamada também “Rainha da Amazônia”. Neste ano, teve como tema “Uma jovem chamada Maria”.

A procissão saiu por volta das 6h48 da Catedral e partiu em direção à Basílica Santuário. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Pará (Segup), mais de um milhão de pessoas acompanharam o Círio.  Segundo estimativa da Diretoria da Festa de Nazaré, a procissão levou cerca de 2 milhões de pessoas às ruas de Belém.

Ao longo do percurso por várias ruas, a berlinda que carregava a imagem de Nossa Senhora de Nazaré foi puxada pela corda de 400 metros, disputada por devotos buscam pagar sua promessas, agradecer e render homenagens à Virgem.

Pelo caminho, Nossa Senhora recebeu homenagens de famílias, instituições, foi saudada com chuvas de papeis picados, fogos, canções.

Entre o mar de pessoas que acompanharam a procissão, muitos buscam agradecer por graças alcançadas fazendo o percurso de joelhos, amparados por familiares e amigos; outros levam sobre a cabeça objetos representativos como livros, pequenas casas.

Por volta de 12h, a imagem de Nossa Senhora chegou ao Santuário, onde também já era aguardada por muitos fiéis. Neste ano, pela primeira vez, a imagem foi retirada da berlinda, ainda do lado de fora do Centro Arquitetônico de Nazaré (CAN), e conduzida até o altar da Praça.

Que Deus nos faça dignos dessa devoção

Antes de a procissão sair da Catedral, o Arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira, presidiu uma Missa campal, na qual ressaltou que o Círio de Nazaré é o “fio condutor” e vida e da cultura do povo paraense.

“Podemos dizer com toda propriedade que hoje estamos tocando o coração de nossa vida”, assinalou e pediu “que Deus nos faça dignos de ter tamanha devoção e de termos nascido debaixo dos braços da cruz e sob a proteção da Virgem Maria”.

Durante sua homilia, o Prelado fez referência a um importante símbolo do Círio, a corda que é puxada pelos devotos. Este objeto passou a fazer parte da procissão a partir de 1885.

Conforme relata o site oficial do Círio, naquele ano, uma enchente da Baía do Guajará alagou a orla desde próximo ao Ver-o-Peso até as Mercês, no momento da procissão, fazendo com que a berlinda ficasse atolada e os cavalos não conseguissem puxá-la.

Por isso, os animais foram desatrelados dos carros e um comerciante emprestou uma corda para que os fiéis pudessem puxar. Desde então, a corda então foi introduzida no Círio.

Dom Taveira recordou aos fiéis que, “além de ter a história de sua origem prática”, essa mesma corda “se transformou para nós o símbolo de nossa procura por Deus. Nós queremos tocar essa presença de Deus, que é simbolizada em tantas realidades que nós encontramos na Igreja”.

“Aqui, nós nos encontramos conduzindo a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, a Mãe de Jesus”, indicou o Arcebispo, ressaltando que Maria também “recebeu lá do alto da Cruz, da parte de Jesus, em João toda a humanidade”.

“É por isso que nós todos, onde quer que nos encontremos agora, todos estamos aqui acolhidos pelas mãos e debaixo do manto de Nossa Senhora de Nazaré”.

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Dom Taveira recordou ainda que “há poucos dias, o Papa Francisco pediu para nós retomarmos uma oração muito bonita que tanto sabemos de memória: ‘À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas socorrei-nos sempre, ó virgem gloriosa e bendita’”.

“Eu não sei o que você traz no coração, com certeza muitas necessidades, muitas súplicas. Quantos promesseiros hoje vêm cumprir suas promessas, porque podem atestar que a proteção de Nossa Senhora lhes foi favorável”, declarou.

Assim, exortou a que, “olhando para a imagem de Nossa Senhora, tomemos consciência de que esta Mãe que nos foi dada não despreza as nossas necessidades”.

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