A primeira Missa católica desde o início da Reforma Protestante, há mais de 500 anos, será celebrada no final deste mês em uma catedral em Genebra, na Suíça.

A cerimônia será na Catedral de Saint-Pierre, em Genebra, em 29 de fevereiro, por decisão da Diocese de Lausanne e do Vicariato Episcopal de Friburgo.

O templo foi a sede dos bispos católicos de Genebra desde o século IV até a Reforma Protestante. A última Missa celebrada na catedral ocorreu em 1535. Após a Reforma, o edifício foi tomado pelas Igrejas Reformadas de João Calvino, que destruíram as estátuas e pinturas da catedral e proibiram o culto católico.

Pe. Pascal Desthieux, Vigário Episcopal de Genebra, descreveu a catedral como a "localização central e simbólica da história cristã de Genebra".

Após a Reforma, a catedral se tornou um "local emblemático da Reforma Calvinista", disse em uma carta publicada no site do vicariato.

João Calvino, o fundador do calvinismo, morava em Genebra e a cidade era um destino para os protestantes franceses que fugiram da França devido à perseguição. Saint-Pierre de Genebra foi a igreja natal de Calvino e sua cadeira é mostrada ao lado do púlpito da catedral.

A Diocese de Genebra foi finalmente absorvida pela Diocese de Lausanne, Genebra e Friburgo. Hoje, pouco menos de 40% da Suíça é católica.

A pedido da população protestante de Genebra, Pe. Desthieux celebrará a Missa e não o Bispo de Lausanne, Genebra e Friburgo, Dom Charles Morerod. Segundo o sacerdote, Dom Morerod vê a Missa como um "evento local" histórico.

Embora reconheça que o retorno da Missa católica à catedral seja motivo de alegria, Pe. Desthieux alertou contra qualquer "triunfalismo" dos católicos.

"Com nossos irmãos e irmãs protestantes, que nos recebem em sua catedral, simplesmente queremos fazer um forte gesto ecumênico, um sinal de que todos vivemos juntos em Genebra", disse. A Missa é um "gesto de hospitalidade" dentro da comunidade cristã da cidade, acrescentou.

"Nossos irmãos protestantes nos receberão e nos darão as boas-vindas", disse Pe. Desthieux.

A Missa será celebrada às 18h30, assim, será a Missa de vigília do primeiro domingo da Quaresma.

"Optamos por realizar essa Missa histórica no início da Quaresma, para incluir um processo penitencial no qual pedimos perdão por nossos pecados contra a unidade", disse Pe. Desthieux na carta.

Todas as outras Missas de vigília do sábado na cidade de Genebra serão canceladas em 29 de fevereiro, para incentivar todos os católicos da cidade a participar da Missa na catedral.

Alguns relatos dos meios de comunicação sugeriram que os participantes protestantes da Missa seriam convidados a receber a Comunhão, embora isso seja proibido pela lei canônica. Na Igreja Católica, somente católicos batizados em estado de graça podem receber a Eucaristia.

Segundo um artigo do jornal suíço Tribune de Genève, os protestantes que comparecerem à Missa, em 29 de fevereiro, não serão incentivados a receber a Comunhão.

"Pessoas de uma fé que não seja católica não serão formalmente convidadas para a Eucaristia, a troca do pão e vinho", disse o jornal em um artigo sobre a Missa, publicado em 12 de fevereiro.

Em declarações a Tribune de Genève, Pe. Desthieux citou Redemptionis Sacramentum, o documento de 2004 publicado pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos sobre práticas apropriadas em relação à Eucaristia, e explicou que os protestantes que participam da Missa geralmente não podem receber a Comunhão.

"No entanto, nessas circunstâncias tão especiais, praticamos o que chamamos de hospitalidade eucarística, acolhendo todas as pessoas que se apresentam para receber o Corpo de Cristo", afirmou. Pe. Desthieux não explicou o que significa "hospitalidade eucarística" neste caso, ou baseado em que a Comunhão seria conscientemente distribuída aos protestantes.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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