O Bispo de Laval (França), Dom Thierry Scherrer, e a Comissão de Bioética da diocese exigiram aos médicos do hospital de Reims que respeitem o direito à vida de Vincent Lambert – que ficou tetraplégico por causa de um acidente de trânsito em 2008 –, e não aplicar-lhe a eutanásia; uma decisão que será tomada no dia 23 de julho.

A eutanásia é ilegal na França. Entretanto, em 2013 a esposa de Vincent, Rachel Lambert, e seis dos seus oito irmãos pediram ao tribunal permissão para retirar os aparelhos que o alimentam e ajudam a respirar. Diante desta situação, os pais de Vincent – católicos praticantes –, iniciaram uma luta legal para proteger a vida do seu filho e chegaram até o Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH). Entretanto, o tribunal europeu aprovou a retirada das vias.

“A vida humana é um dom de Deus, cujos médicos estão à serviço. A onipotência que nos dá a tecnologia deve reconhecer este limite”, assinalaram Dom Scherrer e a Comissão de Bioética através de um comunicado no dia 16 de julho.

Do mesmo modo, disseram que deve ser aplicada a sentença do TEDH a muitos outros pacientes que estão passando pela mesma situação que Vincent e ficarão vulneráveis e também poderiam ser vítimas da eutanásia.

“A vida é um dom precioso e a atitude que a sociedade adota para com ela diz respeito a todos. Juntos, seremos a defesa incansável da vida! ”, assinalaram, exigindo também que Vincent Lambert não seja convertido “em refém de uma causa ou uma ideologia” que despreza a vida.

O comunicado da Diocese de Laval apoia a denúncia realizada no dia 24 de junho por Viviane Lambert. Em declarações ao Grupo ACI, advertiu que “o governo da França utilizava o caso de Vincent para legalizar a eutanásia no país”.

A decisão final

Cinco semanas depois que o TEDH aprovar a retirada da sonda de Vincent Lambert, a Dra. Daniel Simon, chefe da equipe de médicos que avalia o caso, convocou na última quarta-feira os familiares para discutirem este tema de maneira particular.

Neste mesmo dia, Pierre e Viviane Lambert, pais de Vincent, deram um ultimato até na quinta-feira aos médicos do hospital do Reims, onde está internado seu filho, para retratar-se e permitir a transferência do paciente a outro centro de saúde ou em caso contrário os processariam.

Segundo comentou à Agência France Presse Jean Paillot, um dos advogados dos pais, os Lambert não receberam resposta alguma do hospital e por isso na quinta-feira, 16, apresentaram a denúncia penal. 

“Apresentamos uma denúncia contra a TEDH como pessoa jurídica, contra o Dr. Kariger, ex-chefe do serviço de cuidados paliativos no hospital de Reims, contra a Dra. Daniela Simon, sua sucessora, e o Dr. Oportus, outro médico da TEDH, por tentativa de assassinato e abuso”, declarou Paillot à imprensa francesa.

Conforme informou o jornal Le Monde, os pais de Vincent também processarão Rachel Lambert, esposa de Vincent, por “falso testemunho, falsificações e mentiras forçadas”.

Na última sexta-feira, a Dra. Simon convocou a família de Vincent Lambert para, nesta quinta-feira, 23, anunciar-lhes qual será a decisão final da equipe de médicos.