Alana Saarinen, atualmente de 13 anos, é uma das poucas pessoas no mundo que tem o DNA de três pessoas, três “pais” diferentes, devido a um tratamento de fertilidade realizado nos Estados Unidos que atualmente está proibido. Entretanto, os parlamentares do Reino Unido estão considerando atualmente legalizá-lo.

O processo mediante o qual a mãe de Alana, Shanon, ficou grávida se chama “transferência citoplasmática”, no qual se injeta um óvulo de uma doadora dentro do óvulo da mãe para melhorar a saúde do óvulo. No processo, o DNA da doadora se filtrou através das mitocôndrias transferidas e chegou até Alana.

As mitocôndrias são organelas celulares que são a fonte de energia das células.

Sharon Saarinen confessou ao jornal britânico The Independent que durante o procedimento “não importava se havia riscos. Eu queria tanto um filho nesse momento”.

"Eu me sentia inútil. Sentia-me culpada por não poder dar um filho a meu marido. Como queria um filho biológico mas não podia tê-lo, estava desconsolada. Não podia dormir, estava constantemente na minha cabeça", assinalou Sharon, segundo declarações recolhidas pela BBC.

De acordo com os cientistas envolvidos, a técnica usada com Sharon Saarinen permitiria ajudar as mulheres com mitocôndrias deficientes, para que este defeito, que pode causar diversas doenças, não seja passado para os seus bebês.

Entretanto, o diretor do Centro de “Bioética, Pessoa e Família” da Argentina, Nicolás Laferriere, advertiu que “a pretensão de recorrer à fecundação in vitro para modificar geneticamente as características da descendência suporta necessariamente uma manipulação indevida da vida humana”.

Em declarações feitas ao Grupo ACI no dia 2 de setembro, Laferriere criticou que “pretende justificar a concepção de crianças com três pais com base na intenção de evitar transmitir uma doença, é manipular a vida do novo ser de forma que se converta no ‘produto’ de um ato técnico”.

“Isso é contrário à dignidade humana. Abusa-se do poder biotecnológico e o aplica à procriação humana, que fica regida por uma lógica de produção no lugar da lógica de gratuidade que a dignidade humana exige".

O diretor do Centro de “Bioética, Pessoa e Família” da Argentina assinalou que “entre as questões que estão em jogo encontra-se, também, o direito à identidade das crianças concebidas com esta técnica, que têm elementos importantes de sua identidade sendo manipulados e dissociados".