Depois de oito anos no corredor da morte no Paquistão, Shagufta Kausar e Shafqat Emmanuel, um casal cristão acusado de blasfêmia contra o Islã, recebeu asilo na Europa.

Segundo a organização de direitos humanos ADF International, o casal chegou à Europa esta semana depois que o Tribunal Superior de Lahore anulou sua sentença de morte, no início de junho.

Em declarações, o casal disse que se sentem “muito aliviados por finalmente serem livres” e felizes por poder reunir-se com seus quatro filhos após oito anos muito difíceis.

O casal cristão foi libertado da prisão em 1º de julho e recebeu asilo num país europeu, que não foi divulgado por questões de segurança para a família. Infelizmente, o casal foi ameaçado de morte após a notícia da sua absolvição e libertação do corredor da morte.

“Embora vamos sentir saudades do nosso país, estamos felizes por estar finalmente em um lugar seguro. Com sorte, as leis sobre a blasfêmia no Paquistão serão abolidas em breve, para que outros não sofram o mesmo destino que Shagufta e eu”, disse Shafqat Emmanuel.

Emmanuel disse que sua esposa é grata à ADF International e à Jubilee Campaign, uma organização sem fins lucrativos que promove os direitos humanos e a liberdade religiosa para as minorias, ajudando-as e levando-as para um lugar seguro.

A diretora de promoção da ADF International na Ásia, Tehmina Arora, se pronunciou em nome da organização, que se sente feliz pelo fato de “Shagufta e Shafqat, por fim, terem sido libertados e chegado a um lugar seguro”.

“Lamentavelmente, seu caso não é um incidente isolado, mas sim uma demonstração da difícil situação que muitos cristãos e outras minorias religiosas experimentam hoje no Paquistão”, afirmou.

Em 2013, o casal cristão morava com seus filhos na missão da igreja de Gojra, em Punjab, no Paquistão, quando mensagens de texto blasfemos foram enviadas a um clérigo e a um advogado de um telefone celular supostamente registrado em nome de Shagufta Kausar.

Emmanuel teve que fazer uma confissão falsa após ser espancado e ameaçado para tirar a roupa da sua esposa e forçá-la a andar nua pela cidade.

Kausar afirmou que seu celular havia desaparecido um mês antes do envio das mensagens. Apesar de ela não saber ler nem escrever e, por conseguinte, ser incapaz de enviar mensagens, Kausar e o seu marido foram detidos e acusados de blasfêmia em 21 de julho de 2013.

Um tribunal de sessão os condenou à morte na forca. Passaram mais de sete anos na prisão enquanto aguardavam os resultados de um recurso perante o Tribunal Superior de Lahore, que os absolveu das acusações no início de junho.

O Código Penal do Paquistão tipifica como crime o discurso que insulta ou profana o islamismo, religião oficial do Estado. Mas a lei é frequentemente utilizada contra as minorias religiosas e, segundo os relatos, muitas acusações são falsas.

O Paquistão tem uma das leis de blasfêmia mais rigorosas do mundo, sendo um dos quatro países que prevê a pena de morte.

Kausar e Emmanuel foram defendidos pelo advogado Saiful Malook, que também trabalhou com o caso de Asia Bibi, uma mãe cristã falsamente acusada de blasfêmia no Paquistão.

Bibi passou oito anos no corredor da morte antes de ser absolvida em 2018 pelo Supremo Tribunal do Paquistão. Ela foi aceita como refugiada no Canadá, onde mora com a família desde maio de 2019.

O advogado Malook disse que espera que mais pessoas acusadas de blasfêmia baseadas através de mensagens de texto sejam liberadas da prisão em breve.

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