O Arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer afirmou que a vacinação contra a Covid-19 “é, em primeiro lugar, uma questão de bom senso”.

O Purpurado fez esta declaração durante o evento virtual “Diálogos com a Cidade”, realizado pela Arquidiocese de São Paulo na quarta-feira, 27 de janeiro, quando conversou sobre o tema da vacinação com os médicos infectologistas Rosana Richtmann e Jamal Suleiman, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, e com Padre João Inácio Mildner, capelão do mesmo Instituto e coordenador arquidiocesano da Pastoral da Saúde.

Durante a conversa, conforme assinalou o site do semanário arquidiocesano ‘O São Paulo’, Dom Odilo refletiu sobre a responsabilidade social e moral de cada pessoa ao seguir as recomendações que evitam o contágio.

“É, em primeiro lugar, uma questão de bom senso. Se há tantas pessoas morrendo e ficando doente, eu me exponho a também ficar doente ou a difundir a doença?”, questionou.

Portanto, reforçou, “é uma questão de bom senso, de responsabilidade pessoal e social, de solidariedade e, eu diria finalmente, uma questão de justiça: eu estou me expondo a prejudicar o outro, estou faltando com a justiça em relação ao outro”.

Para o Arcebispo, a Igreja Católica, que é uma comunidade inserida na sociedade, tem a responsabilidade de conscientizar e insistir na necessidade dos cuidados contra a pandemia.

“Nossas paróquias, comunidades, organizações eclesiais são caixas de ressonância dessas orientações. A Igreja está capilarmente presente em todas as áreas da cidade”, disse.

Além disso, pontuou, “a Igreja está incentivando todo mundo a tomar a vacina, dentro da perspectiva que falamos de preservação da própria saúde e vida e também da saúde e vida do próximo e, portanto, da sociedade”.

Nesse sentido, recordou que o próprio Papa Francisco “tem incentivado publicamente a tomar a vacina e até dito que é um ato de responsabilidade moral e que é de gravidade moral descuidar a questão do contágio”.

Sobre si mesmo, garantiu: “Eu vou tomar a vacina assim que tiver a oportunidade e chegar a minha vez. Também estou entrando na fila e, portanto, espero pacientemente a minha vez. Enquanto isso, vou continuar a tomar todos os cuidados”.

O Purpurado lembrou ainda que a vacina da população brasileira, que teve início em 17 de janeiro, ainda vai demorar e, portanto, é necessário seguir com as medidas preventivas.

“Todos nós temos uma vacina na mão”, disse ao indicar que se trata do uso de “máscara, álcool em gel e decisão de manter a distância física – não precisa ser a distância social, porque pelas mídias, hoje, nós estamos presentes”.

Ponto polêmico

Durante o evento virtual, internautas interagiram por meio de perguntas e uma das questões levantadas foi em relação ao uso de fetos abortados para a produção de vacinas.

 Dom Odilo afirmou que este é um “ponto polêmico”, uma vez que, “segundo notícias, tem havido questionamentos sobre a origem do processo de produção da vacina, que estaria empregando material obtido de embriões humanos abortados não espontaneamente, mas intencionalmente e, portanto, material humano a partir de fetos abortados usado para pesquisa”.

“Eu aqui não sou cientista para afirmar até que ponto essa questão subsiste ou não. Mas, posso afirma que o problema foi posto também para a Igreja”, disse, lebrando que a Congregação para a Doutrina da Fé, “que é o braço do Papa que responde por questões de fé e moral”, se pronunciou a respeito.

Primeiramente, recordou a afirmação da Congregação para a Doutrina da Fé de que “o aborto provocado segue sendo moralmente inaceitável e, com agravante se esse aborto for provocado para fins de pesquisa, para fins industriais até mesmo. Portanto, teria um agravante aí, com a intencionalidade inclusive utilitária do aborto provocado”. Portanto, “o magistério da Igreja diz que nisso existe um ato de gravidade moral muito grande”.

Outra coisa, assinalou, “é tomar a vacina que eventualmente tivesse na sua origem a utilização de embriões abortados intencionalmente e os atos para esse processo de pesquisa”.

Desse modo, explicou, “quem toma a vacina na maioria das vezes desconhece esse processo. Então, não está na sua intenção participar desse processo que eventualmente esteja lá na origem. Por outro lado, não participa do ato eticamente não aceitável que poderia estar na origem do processo de produção. Segundo, não é da sua intenção participar”.

“Por isso, diz a Santa Sé, nesse caso, quem toma a vacina não precisa se colocar o problema moral. Fique tranquilo, tome a vacina e cuide, neste momento, da questão deste momento que é cuidar da saúde, cuidar da vida, cuidar de não passar o vírus para ninguém”, acrescentou.

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Por sua vez, a infectologista Rosana Richtmann garantiu que “a ciência, faz muitos anos, tirou isso [uso de embriões abortados] de lado e isso, absolutamente, já não é mais aceito”.

Vacinas seguras e eficazes

A Dra. Richtmann também assegurou que as vacinas contra Covid-19 são seguras, pois “a tecnologia usada para o desenvolvimento dessas vacinas já são conhecidas por nós há muitos anos”.

Além disso, afirmou que “as vacinas hoje conseguiram fazer com que quem tiver a doença vai poder tratar em casa”, ressaltando que o primeiro objetivo dessa imunização é evitar que as pessoas sejam hospitalizadas, ocupem leitos de UTI ou morram por complicações da Covid-19.

“Esta é a primeira geração de vacinas. Atualmente, nós temos cerca de 200 vacinas sendo estudadas. Seguramente, teremos gerações melhores de vacinas. Mas não dá para esperar. Temos um produto extremamente seguro, eficaz”, garantiu.

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