O Arcebispo Emérito de Caracas (Venezuela), Cardeal Jorge Urosa Savino, incentivou os fiéis a se unirem a Cristo em sua paixão e ressurreição para enfrentar a pandemia do coronavírus COVID-19.

“Esta Quaresma do ano de 2020 é única. O mundo inteiro está submerso em uma verdadeira tragédia devido à pandemia de coronavírus. E, portanto, é ainda mais necessária para nós a união com Jesus, que sofre e morre pela humanidade, para depois ressuscitar e nos dar vida e vida abundante e eterna”, escreveu o Purpurado em um artigo intitulado “Unidos a Cristo em sua paixão e ressurreição”, que enviou à ACI Prensa – agência em espanhol do Grupo ACI –, em 24 de março.

"São Paulo nos ensina isso quando, em sua carta aos Colossenses e em relação à união com Jesus, nos diz: 'Completo em minha carne o que falta às tribulações de Cristo'. Essas palavras de São Paulo nos fazem ver que o sofrimento nos une, nos identifica com Cristo Redentor, que se ofereceu à morte, uma morte ignominiosa, para nossa salvação", continuou.

"A Semana Santa, que celebra a ressurreição de Cristo, ensina-nos que a morte, a dor, o sofrimento, unidos a Cristo, serão transformados na glória da ressurreição", enfatizou.

O Cardeal disse que o coronavírus "é uma verdadeira calamidade e uma peste perigosa, semelhante à ‘gripe espanhola’ de 1918, às trágicas guerras da humanidade ao longo da história, especialmente da Segunda Guerra Mundial. Como essas calamidades, essa também passará. Com fortaleza e esperança, vamos agora enfrentar esta praga que esperamos que seja contida e que passe em breve! Tenhamos esperança! Deus nos ama e está conosco!”.

O Purpurado disse que “esta inevitável quarentena de isolamento social comunitário nos obriga a estar atentos frente às possíveis situações de grave perigo social para nossa Venezuela. Especialmente, a escassez de dinheiro para quem trabalha de forma autônoma, que não recebem; a possível situação de desabastecimento total de alimentos e medicamentos, devido à situação precária do campo venezuelano; o problema da escassez de gasolina, indispensável para o transporte de alimentos do campo para as cidades, tudo isso constitui uma gravíssima situação de perigo”.

"Cabe às autoridades nacionais e locais resolver esses problemas e garantir que não haja fome e uma possível revolta social, com saques e gravíssima violência. E devem evitar excessos ou situações de violência, como alguns assassinatos ocorridos recentemente", continuou.

Depois de incentivar os fiéis a seguirem as instruções das autoridades, o Cardeal Urosa explicou que, "para aqueles que acreditam em Deus, Pai misericordioso, esta situação e a quarentena necessária devem nos levar – do ponto de vista real, cristão e religioso – a intensificar nossa fé e nosso amor a Deus, nos unir com o restante da Igreja em oração”.

"Além disso, devemos interiorizar nossa identificação com Cristo Nazareno, doloroso, que ofereceu suas tribulações, sua paixão e morte por nossa salvação", enfatizou.

O Cardeal agradeceu aos diversos sacerdotes e bispos que celebram a Missa e a transmitem pela Internet, como o Cardeal Baltazar Porras, Administrador Apostólico de Caracas, e aqueles que fizeram procissão com algumas imagens e com o Santíssimo Sacramento “para a adoração pessoal dos fiéis de suas paróquias”.

“Houve uma grande criatividade pastoral e religiosa, que os fiéis católicos receberam com alegria. Além disso, devemos aproveitar o tempo para ler a Palavra de Deus em família, para meditar mais nas verdades de nossa fé”, enfatizou o Cardeal Urosa.

O Arcebispo Emérito de Caracas recordou a necessidade de “praticar a solidariedade com muitos de nossos irmãos necessitados: os indigentes, crianças de rua, pessoas que vivem dia a dia na economia informal ou vizinhos menos favorecidos do que nós. Nossas instituições de caridade católicas já estão fazendo isso, e muitas paróquias que continuam com a olla solidária (panela solidária). Sejamos generosos com os mais pobres!”.

"Invoquemos com confiança a misericórdia de Deus e a intercessão amorosa de nossa santa padroeira, Nossa Senhora de Coromoto!", concluiu.

Os casos de coronavírus, segundo o presidente Nicolás Maduro, chegaram a 77. Segundo o mandatário, todos são "importados".

A Venezuela enfrenta uma grave crise há muito tempo, que gera falta de alimentos, remédios, água potável e eletricidade.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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