O Arcebispo de Boston (Estados Unidos), cardeal Seán O'Malley, exortou os líderes religiosos a estar atentos para prevenir o abuso sexual infantil e apoiar os sobreviventes em sua cura.

De 8 a 10 de abril, a Universidade de Harvard, em parceria com o Vaticano e outros grupos religiosos, realizou um simpósio virtual intitulado: “Fé e florescimento: estratégias para prevenir e curar o abuso sexual infantil”.

O principal objetivo do evento foi conectar os sobreviventes de abuso com os profissionais de saúde, defensores do bem-estar infantil, legisladores e líderes religiosos de diferentes tradições e também decretar o dia 8 de abril como o Dia Mundial anual para a Prevenção, Cura e Justiça do Abuso Sexual Infantil.

No dia 8 de abril, o Papa Francisco enviou uma mensagem aos participantes, o Cardeal O'Malley fez o discurso de abertura do simpósio e, finalmente, falaram a rainha Silvia da Suécia e o ganhador do Prêmio Nobel da Paz 2018, Denis Mukwege.

Em sua mensagem, o Santo Padre expressou sua esperança de que o simpósio “contribua para uma maior consciência da gravidade e alcance do abuso sexual infantil e promova uma cooperação mais efetiva em todos os níveis da sociedade para erradicar este profundo mal”.

Por sua vez, o cardeal disse que “todos temos a obrigação moral e legal de proporcionar, da melhor maneira possível, proteção e cuidado às pessoas que servimos, especialmente aos menores, jovens, adultos vulneráveis ​​de todos os grupos religiosos, cívicos e sociais”.

Além disso, afirmou que "as pessoas a quem servimos esperam legitimamente essa proteção" e que "devemos estar atentos para apoiar os sobreviventes e seus entes queridos no caminho para a cura".

O cardeal O'Malley preside a Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores do Papa Francisco, que copatrocinou o simpósio, junto com o Centro para a Proteção da Infância da Pontifícia Universidade Gregoriana, SNAP, Islamic Relief USA, a Junta de Rabinos de Nova York, o Conselho Mundial de Igrejas e outras organizações.

No encontro, o cardeal sublinhou que os participantes do simpósio, especialmente os da “Universidade de Harvard e da Universidade Católica da América, são profissionais comprometidos em corrigir as injustiças do passado” e em defender e “proteger os menores e adultos vulneráveis”.

“Muitos trabalham incansavelmente para promover a transparência, a prestação de contas e a tolerância zero na Igreja Católica e na sociedade civil”. Assegurou que aplicando o que aprendemos com os casos trágicos do passado”, será possível “traçar um caminho claro para a prevenção e criar ambientes seguros para os nossos menores e adultos vulneráveis”.

O cardeal sublinhou que a “traição do abuso sexual” é uma “terrível e devastadora violação da dignidade humana” e expressou o seu reconhecimento e gratidão “a todas as vítimas sobreviventes que continuam se apresentando para compartilhar as suas histórias”.

“É graças à sua coragem que a proteção das crianças, dos jovens e dos adultos vulneráveis ​​e os programas de assistência às vítimas estão se tornando componentes centrais em todas as facetas de nossas vidas. Mas, como deixa claro o programa deste simpósio, ainda há muito trabalho a ser feito”, finalizou.

Em 9 de abril, o arcebispo de Chicago, cardeal Blase Cupich, falou sobre o papel dos líderes religiosos na prevenção e cura do abuso sexual.

Em seu discurso, o cardeal contou que quando era bispo de uma “pequena diocese principalmente rural”, há quase 20 anos, ele se encontrou com uma sobrevivente de abuso sexual infantil. “A coragem daquele sobrevivente obrigou-me a ser um adulto de uma forma que nunca tinha experimentado”, destacou.

Além disso, falou sobre as ações realizadas pelo ministério da arquidiocese de Chicago dedicado a ajudar na cura das vítimas de abuso, que foi estabelecido pelo cardeal Joseph Bernardin e pelo escritório arquidiocesano de capacitação em ambientes seguros.

“Como o cardeal Bernardin e eu, o Papa Francisco está motivado a empreender o trabalho de fazer reformas importantes, em grande parte por causa de seus encontros com sobreviventes que corajosamente compartilham suas histórias e sua profunda dor”, disse o cardeal.

“Como ele próprio admite, aprendeu muito com esses encontros. Foram decisivos na remoção de cardeais e bispos, laicizando alguns, por má conduta, e na remoção de bispos por sua má gestão dos casos", acrescentou.

“O Papa Francisco quer que todos os líderes da Igreja não tenham apenas uma compreensão completa do impacto devastador que o abuso sexual clerical tem nos sobreviventes, mas também que aceitem a correspondência em nível nacional, regional, diocesano e paroquial para abordar este problema de maneira eficaz, de forma que todas as crianças estejam seguras”.

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