O Arcebispo Emérito de Caracas (Venezuela), Cardeal Jorge Urosa Savino, alertou sobre a ameaça do secularismo moderno, que não é mais apenas a indiferença religiosa, mas uma hostilidade aberta e violenta contra a religião.

Assim indicou o Purpurado em um artigo intitulado "Conversão e renovação espiritual: Jesus Cristo nos convida!" que enviou em 27 de janeiro para a ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI.

“O maior perigo do secularismo está em nós mesmos, os católicos, no esquecimento de Deus, em negligenciar o sagrado, a autêntica missão evangelizadora da Igreja, a religiosidade, a conduta moral correta, as práticas devocionais”, explicou o Cardeal.

“O perigo está em que nos contaminemos e queiramos fazer da nossa religião uma simples atitude de bondade humanitária, e reduzir a Igreja a uma gigantesca corporação de ação social, mais uma ONG”, alertou.

O Cardeal Urosa indicou que “em meio às dificuldades ordinárias, e ainda às penúrias extraordinárias que a praga da Covid-19 nos derramou por todo o mundo, começamos este ano de 2021 confiados em Deus e com esperança no seu amor e proteção”.

“Converter-nos sempre foi difícil, pois os seres humanos estamos inclinados naturalmente a dar a primazia ao material, ao terreno; a deixar-nos levar pelo nosso egoísmo e soberba. Mas ficou mais difícil nesta época, na qual se fortaleceu uma tendência a rejeitar Deus e tudo o que tem a ver com Deus: a fé, a religião, especialmente o cristianismo, a moral, etc.”, continuou o Purpurado.

É nisso que consiste o “secularismo”: Dar importância, ainda mais, absolutizar o mundano. E subestimar ou descuidar do religioso: fé, união com Deus, oração, prática religiosa, devoções; promove o desrespeito às imagens e lugares sagrados”.

O Purpurado assinalou que "o secularismo moderno se converteu não simplesmente em indiferença religiosa, mas em uma hostilidade aberta e até violenta à religião".

“Há poucos dias, em um povoado espanhol, a prefeita derrubou uma cruz que estava ali há muito tempo, porque ‘era algo político’, segundo ela. E, nos últimos anos, especialmente em outras partes do mundo, tem ocorrido ataques e vandalismo contra nossos templos e imagens e monumentos religiosos”, indicou.

O Cardeal referiu-se à Cruz de los Llanitos na localidade andaluza de Aguilar de la Frontera, província de Córdoba (Espanha), derrubada por ordem da prefeitura governada pela Esquerda Unida.

Desde 1939 a cruz estava ao lado da igreja do Convento de Las Descalzas. No entanto, foi derrubada no dia 19 de janeiro e, segundo o jornal ABC, o símbolo cristão foi parar em um lixão na cidade de Motril.

O que é a conversão?

Os católicos, ressaltou o Cardeal Urosa, devem não só rejeitar o secularismo, mas também assumir a tarefa da conversão, “isto é, de uma renovação interior”.

“Mas, em que consiste essa conversão e renovação? Não consiste em atitudes externas, mudanças externas, em deixar de lado as normas e atitudes de outros tempos. Consiste principalmente em duas coisas”.

A primeira, indicou o Purpurado venezuelano, é “o arrependimento dos nossos pecados, e a segunda, a acolhida dos dons de Deus, deixando-nos encher de Deus e ir pelo caminho que Ele nos indica: ‘Bem-aventurados aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a observam!’".

“Converter-nos é mudar de direção, de comportamento, de atitude. E isso é importante: a conversão requer algo fundamental: a rejeição ao pecado, ao mal, à indiferença religiosa, a nos deixar levar pelas nossas paixões e más inclinações”, frisou.

Para assumir esta atitude, os fiéis podem seguir o exemplo de Santa Maria e de São José, exemplos de fidelidade, e “devemos reafirmar a nossa fé em Deus e a nossa convicção de que só o seguindo, com uma vida santa e religiosa, ou seja, marcados pelo amor de Deus, podemos alcançar a felicidade”.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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