Frei Roberto Magalhães, o frade capuchinho mais idoso do Brasil, completou no último dia 20 de março 80 anos de profissão religiosa e, em 1º de outubro, celebrará seus 75 anos de sacerdócio.

O religioso, mais conhecido como Frei Robertinho, completará 99 anos de vida em 10 de setembro. Atualmente, mora na casa dos Capuchinhos no centro de Fortaleza (CE). Lúcido, dedica seu tempo aos estudos, celebração da Eucaristia, tradução de textos e atendimento de confissões.

Em uma publicação em sua página de Facebook, os Capuchinhos do Ceará e Piauí, assinalaram que a província “se alegra com o aniversário de profissão religiosa de Frei Roberto Magalhães, 80 anos de profissão, desejamos-lhe toda a Paz e todo o Bem que vem do Senhor!”.

“Louvamos e rendemos graças a Deus pelo dom da vida e vocação do nosso querido Frei Roberto!”, completam.

A data foi comemorada com uma celebração interna no Convento dos Capuchinhos, pois, devido aos 75 anos de sacerdócio a ser celebrado em outubro e ao centenário de vida, no próximo ano, estão preparando uma comemoração mais ampla desses “jubileus”.

Nesses 80 anos de profissão religiosa, tornou-se também um modelo para muitos religiosos, sobretudo os mais novos. Responsável pela comunicação dos Capuchinhos do Ceará e Piauí, Frei Eduardo Janderson assinala que “Frei Robertinho é um verdadeiro exemplo de capuchinho, do nosso carisma marcado pela minoridade, fraternidade, oração e missão”.

Em entrevista à ACI Digital, Frei Janderson contou que Frei Roberto “é uma pessoa simples e humilde, além de um modelo de irmão que, apesar da idade e das limitações físicas, acolhe a todos com muito carinho”.

Outro ponto que, segundo Frei Janderson, ensina aos demais é em relação à “sua vida de oração”. “Eu, como um frade novo, que vou fazer 3 anos de profissão, vejo o Frei Roberto como uma pessoa muito ativa nas orações, reza todas as horas canônicas, tem seu momento de oração pessoal e preza muito pela confissão”.

“Com a idade, ele já está com um encurvamento da coluna, mas um dos fatores também é a confissão, de se inclinar para ouvir as pessoas. Muitos se dirigem a ele para a confissão e ele leva isso muito a sério”, assinalou, recordando que esta é uma característica dos capuchinhos, como demonstraram os santos São Pio de Pietrelcina e São Leopoldo Mandic.

Um exemplo deste zelo pela confissão foi testemunhado por milhares de pessoas nas redes sociais em 2016, quando uma foto do frade viralizou. Na ocasião, com 95 anos, comoveu muitos ao percorrer 6 quilômetros a pé, atendendo confissões, durante a Caminhada Penitencial da Arquidiocese de Fortaleza.

Além disso, Frei Janderson assinalou o quarto ponto em que vê Frei Roberto como um exemplo, isto é, na missão. “A vida e o testemunho de Frei Robertinho falam sobre isso, ele que foi pároco, professor e tanto ensina aos capuchinhos”.

“Ele continua muito ativo. Tem esse espírito de missão e, apesar das limitações físicas, não se deixa abater por isso”, completou.

Nesse sentido, outro testemunho do espírito de missão que chegou a muitas pessoas ocorreu em 2017, quando foi parado por um policial, que estava de plantão em um hospital, o qual lhe pediu que rezasse por ele. O sacerdote logo estendeu a mão sobre a cabeça do homem e fez uma oração. A foto deste momento também conquistou as redes sociais.

Uma vida de entrega a Deus

“Na Missa que celebramos ontem, presidida por Frei Moisés, ele falava em sua homilia sobre as virtudes de Frei Roberto, de como tem uma vida entregue a Deus”, contou Frei Eduardo Janderson.

Frei Robertinho nasceu em 10 de setembro de 1920, em Maracanaú (CE), filho do casal José Joaquim de Souza e Joana Magalhães de Sousa. Recebeu de seus pais o nome Juari Magalhães de Sousa.

Entrou para a vida religiosa no convento dos Capuchinhos em 1934, aos 14 anos. Em 1938, fez o noviciado em Esplanada (BA) e, no ano seguinte, realizou a profissão simples, consagrando-se a Deus por meio dos votos de obediência, pobreza e castidade.

Em 1942, fez seus votos solenes em São Luís (MA) e, em 1º de outubro de 1944, foi ordenado sacerdote, no Santuário Coração de Jesus, em Fortaleza. Como capuchinho, adotou o nome de Frei Roberto Maria de Maracanaú.

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Em um vídeo produzido pela TV Pitaguary em 2013, explicou que na época em que ingressou para a Ordem, era costume adotar o nome do lugar onde foi batizado. Assim, assumiu o nome de “Maria por devoção que a ordem tem à Nossa Senhora, e Maracanaú, por ser o lugar onde me tornei filho de Deus, recebendo o Batismo”.

No Ceará, o sacerdote é muito conhecido entre os fiéis por sua longa trajetória presbiteral, tendo atuado como vigário paroquial, pároco, diretor de colégios, reitor de santuários e, em tudo, sinal da presença de Deus entre os fiéis.

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