A capela do Convento da Penha, em Vila Velha (ES), ficará fechada por dois meses a partir de hoje, 1º de fevereiro, para uma série de obras de manutenção no conjunto arquitetônico e paisagístico do convento. A previsão é que tudo esteja concluído, para a Festa da Penha, em abril, uma das festas marianas mais antigas do Brasil.

O conjunto arquitetônico e paisagístico do Convento da Penha, formado por igreja, convento e penhasco em cima do outeiro foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1943, com a inscrição em dois Livros do Tombo do Instituto: o das Belas Artes e o Histórico. O Iphan vai investir R$ 400 mil nas obras cujo objetivo é garantir a integridade física do local, e a preservação de seus elementos.

Uma frente de trabalho contempla as recuperações do forro, do piso, dos sinos, e da pintura interna. Segundo o guardião e reitor do convento, frei Djalmo Fuck, com o tempo, as madeiras e pinturas das estruturas do santuário foram comprometidas por pragas, como os cupins, por isso, as obras de recuperação do piso e do forro da capela são necessárias e têm o objetivo de preservar e conservar o local para as gerações futuras.

Por causa das obras, a visitação à capela ficará suspensa nos meses de fevereiro e março. Durante a semana, a capela ficará fechada, mas será instalada uma TV na “varanda da Pietá” e as pessoas poderão assistir a imagem de Nossa Senhora da Penha em tempo real, fazer suas orações e ver o nicho central do altar-mor. Aos finais de semana, as portas da capela ficarão abertas, mas com um cordão de isolamento.

Outras melhorias que serão realizadas no convento são o projeto de instalações elétricas e o projeto de Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas (SPDA), bem como a atualização do levantamento arquitetônico. Além disso, também serão realizados trabalhos de manutenção corretiva e preventiva do sistema elétrico e automação da iluminação cênica.

O projeto inclui ainda uma pesquisa arqueológica que teve início em janeiro e busca informações arqueológicas e históricas ainda não coletadas sobre o bem tombado e seu contexto local. Duas áreas foram selecionadas para a prospecção arqueológica: a Ladeira da Penitência, também chamada de Ladeira das Sete Voltas, e a gruta do frei Pedro Palácios; e o dormitório dos visitantes, popularmente conhecido como senzala. Conduzida por equipe multidisciplinar, a pesquisa envolve levantamento dos dados documentais, produção de cartilha educacional, levantamento prospectivo e atividade de socialização do conhecimento.

Frei Djalmo Fuck contou ainda que “o convento será pintado por inteiro para a Festa da Penha, com ajuda de nossos benfeitores”.

O Convento da Penha

Localizado em Vila Velha, junto à Baía de Vitória, o Convento da Penha é uma das principais referências visuais para a população capixaba, pois pode ser visto em 360° graus de diversos pontos das cidades vizinhas. Anualmente, costuma atrair mais de três milhões de visitantes.

O Convento da Penha é um dos santuários mais antigos do Brasil. Sua história começa com a chegada do espanhol frei Pedro Palácios à Capitania do Espírito Santo, em 1558. Na viagem, o religioso trouxe consigo o painel de Nossa Senhora das Alegrias, que continua lá. Em 1562, frei Palácios construiu a capela de São Francisco no lugar conhecido por “campinho”. Em 1566, o franciscano deu início à construção da ermida de Nossa Senhora da Penha do Espírito Santo e, três anos depois, chegou de Lisboa, Portugal, uma imagem de Nossa Senhora da Penha encomendada por frei palácios.

Em 1570, a construção da ermida de Nossa Senhora foi concluída e também foi celebrada a primeira festa da Penha. Frei Pedro Palácios morreu no dia seguinte aos festejos da Penha.

No ano de 1653, foi lançada a pedra fundamental da construção do convento da Penha e as obras terminaram em 1660.

“O monumento arquitetônico, peculiar na singeleza e sobriedade, apresenta em sua trajetória histórica algumas reconstruções como a excepcional concepção arquitetônica do Convento, colocado sobre a rocha do morro, abrindo as janelas de suas celas para o magnífico panorama da Grande Vitória e do Oceano Atlântico”, diz o site do convento.

A capela-mor do convento é parcialmente revestida com madeira de cedro entalhada pelo escultor português José Fernandes Pereira entre os anos de 1874 e 1879.

No altar-mor, remodelado em 1910, há mais de 200 peças de 19 tipos diferentes de mármore que adornam o retábulo e as colunas. Há uma talha de madeira dourada do escultor italiano Carlo Crepaz, datando do século XIX.  No centro do retábulo está o nicho de Nossa Senhora, que abriga a imagem da Virgem da Penha. A imagem é ladeada por anjos e querubins e honrada com as imagens de são Francisco de Assis e santo Antônio de Pádua.

Nas paredes da capela estão as obras paisagísticas do Convento da Penha, do pintor catarinense Victor Meireles (1832-1903) entregues em 1877, e obras sacras do paulista Benedicto Calixto (1853-1927) e sua filha Pedrina Calixto (1887-1973), pintadas entre 1926 e 1927.

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