Foi lançada no dia 13 de dezembro uma campanha de financiamento coletivo para reedição da tradução do padre Matos Soares da Bíblia Sacra Vulgata Sisto-Clementina. A iniciativa é de Obras Católicas, um projeto que teve início em 2009 com a digitalização de clássicos do catolicismo e agora atua também como editora. “Nossa intenção é fazer o apostolado propriamente, em que, através da venda dos livros católicos, possamos ampliar nossa biblioteca de livros digitalizados”, disse o co-fundador da Obras Católicas Eduardo Gomes.

A “Campanha da Sagrada Escritura” é a primeira grande campanha de financiamento coletivo de Obras Católicas. À ACI Digital, Eduardo Gomes contou que o site com as obras digitalizadas surgiu em 2009 de “maneira amadora”, com “trabalho voluntário de campanhas de digitalização” de livros do catolicismo que já são de domínio público. Com o tempo, essa biblioteca on-line ficou famosa porque já tem “mais de mil livros digitalizados”, diz Gomes. Em 2019, foi criada a Associação Cultural Christus Regnat, uma associação sem fins lucrativos para sustentar os projetos do site.

“Desde que criamos o Obras Católicas em 2009, surgiu um grande interesse de editoras em imprimir obras clássicas sobre diversos assuntos”, disse, destacando o “crescimento de editoras católicas no Brasil” nos últimos anos. “Diante dessa tendência, notamos que havia essa possibilidade de entrarmos no meio editorial católico e participar da publicação de obras clássicas com a intenção de fazer o apostolado”, afirmou. Com essa iniciativa, declarou, “em vez de fazer campanhas como vínhamos fazendo, podemos ter a receita do trabalho editorial para manter o projeto de digitalização, o aumento do nosso acervo digitalizado e manutenção do site”. Somente neste ano de 2021, por exemplo, lançaram 28 livros. Agora, realizam esta que, segundo Gomes, será sua “primeira grande campanha de financiamento coletivo”.

Eduardo Gomes contou que escolheram a Bíblia Sacra Vulgata traduzida por padre Matos Soares porque é “muito procurada por pessoas que querem uma tradução da Vulgata”, o texto latino que, do Concílio de Trento até o Concílio Vaticano II foi Bíblia oficial da Igreja católica. “A Vulgata é a bíblia considerada a mais precisa aprovada pela Igreja, que é tradução de são Jerônimo. Obviamente, são Jerônimo pesquisou numa época que você tinha disponível o acesso aos códices que hoje não tem mais”, disse. Além disso, afirmou, “a tradução do padre Matos Soares tem bastantes notas explicativas, notas com breves comentários”.

Gomes lembrou que há a tradução da Vulgata para a língua portuguesa de padre Matos Soares e também de padre Antônio Pereira de Figueiredo. Entretanto, disse, “a do padre Matos Soares ganhou inclusive um breve do papa Pio XI, através do secretário de Estado que era o cardeal [Eugenio] Pacelli, que depois virou o papa Pio XII. Então, pode-se dizer que é a única edição da Bíblia escrita em português com aprovação papal”.

Na edição a ser publicada por Obras Católicas, serão mantidas “todas as características da edição de Portugal”. “Atualizamos a ortografia, mas o estilo literário nós mantivemos intacto, até mesmo as expressões usadas pelo tradutor, porque mexer com texto sagrado é uma coisa muito séria. E, também para não tirar o imprimatur da aprovação eclesiástica da época, mantivemos todas as características originais”, afirmou.

Para Eduardo Gomes, ter em mãos um livro como este é “de grande valor”, porque, “como dizia são Jerônimo, quem não conhece a Sagrada Escritura, não conhece Cristo”. Além disso, “a Sagrada Escritura é um livro que nos ajuda na nossa vida espiritual, sobretudo os Salmos e os livros dos Evangelhos”.

“Como esta edição tem excelentes notas explicativas, ajuda o leitor a entender o sentido do texto sagrado, então temos a expectativa de que os leitores vão ter em mãos uma edição segura, fiel ao ensinamento da Igreja e à tradição católica e que vai contribuir para o crescimento na fé e na própria vida espiritual”, disse.

Juntamente com a Bíblia, serão lançadas duas obras: “Pequeno Dicionário Bíblico: complemento indispensável para a compreensão do Antigo e Novo Testamento”, de frei Francisco de Jesus Maria Sarmento, e “Introdução Geral e Especial aos livros do Antigo e do Novo Testamento”, em três volumes, da Liga de Estudos Bíblicos (L. E. B.), supervisionada por padre Antônio Charbel.

“A Bíblia será o mais custoso de todos, porque é feita com papel bíblia, que impresso em gráfica rotativa exige que seja uma alta tiragem de pelo menos 3 mil exemplares”, disse Gomes. Segundo ele, apenas a impressão da Bíblia terá o custo de cerca de R$ 150 mil. “Então, nossa campanha, no geral, vai precisar atingir a meta de atingir pelo menos 170 mil reais”, disse.

Inicialmente, o objetivo é deixar a campanha aberta por 60 dias e então, “sendo atingida a meta para cumprir as despesas editoriais”, enviar o material para a gráfica. Gomes contou que o prazo de produção na gráfica é de 90 dias. Assim, “a estimativa é que a Bíblia fique pronta e possamos enviar para nossos colaboradores em julho de 2022”.

Para colaborar com a campanha, basta acessar AQUI.

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