A Conferência de Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB) pediu ao Vaticano que realize uma investigação sobre as denúncias de abusos sexuais e encobrimentos que envolvem Dom Theodore McCarrick.

Este pedido foi anunciado pelo presidente da USCCB, Cardeal Daniel DiNardo, em um comunicado publicado em 16 de agosto, no qual recordou a tristeza e indignação que sentiu ante as revelações que envolvem o Arcebispo McCarrick com abusos sexuais. “Esses sentimentos continuam e são mais profundos à luz do relatório do Júri Popular da Pensilvânia”, indicou.

Disse que por isso o Comitê Executivo da USCCB se reuniu no início desta semana para estabelecer mudanças necessárias e objetivos principais, entre os quais está “uma investigação sobre as questões em torno ao Arcebispo McCarrick”.

As respostas sobre este caso ajudarão a proteger os menores, seminaristas e outras pessoas vulneráveis, indicou o Purpurado. Por isso, “convidaremos o Vaticano a realizar uma Visita Apostólica para responder estas perguntas”, junto com membros leigos da Junta Nacional de Revisão.

"Enfrentamo-nos com uma crise espiritual que requer não só a conversão espiritual, mas também mudanças práticas para evitar repetir os pecados e erros do passado que são tão evidentes no relatório" da Pensilvânia, disse o Cardeal Daniel DiNardo.

"Proteções mais fortes contra os predadores na Igreja e qualquer um que os oculte" são necessárias, disse o Cardeal DiNardo, "proteções que manterão os bispos sob os mais altos padrões de transparência e responsabilidade".

Assim, os outros objetivos da USCCB é fazer com que os procedimentos canônicos para as denúncias contra bispos sejam "mais rápidos, transparentes e justos” e “especificar quais restrições podem impor aos bispos em cada etapa desse processo”.

Do mesmo modo, o Cardeal DiNardo mencionou três critérios sobre como os bispos abordarão os abusos: independência de juízos pré-concebidos ou influência indevida de um bispo, participação substancial de leigos e respeito à autoridade na Igreja.

"Dado que somente o Papa tem autoridade para disciplinar ou remover bispos, asseguraremos que nossas medidas respeitarão essa autoridade e protegerão as pessoas vulneráveis do abuso do poder eclesiástico", acrescenta a declaração.

Haverá uma comissão com participação de leigos que incluirá pessoas com experiência no cumprimento da lei, psicologia, investigação e outras disciplinas relevantes.

Em sua declaração, o Cardeal DiNardo disse que apresentarão seus objetivos a todos os bispos dos Estados Unidos durante a sua reunião anual em novembro. O Purpurado adiantou também que viajará a Roma para apresentar os objetivos e o critério da investigação à Santa Sé.

Finalmente, o presidente da USCCB pediu "humildemente" perdão "pelo que os meus irmãos bispos e eu fizemos e não fizemos", e indicou que "uma das causas principais é a falta de liderança episcopal".

"O resultado foi que dezenas de queridos filhos de Deus foram abandonados para enfrentar sozinho um abuso de poder. Esta é uma catástrofe moral", assinalou.

O Cardeal assegurou que os bispos se comprometem a que, com a ajuda de Deus, coisas deste tipo não se repitam, entretanto, reconheceu que a confiança nos prelados foi danificada e que "terão trabalho para reconstruir essa confiança". "O que descrevi aqui é apenas o começo; outros passos seguirão", assinalou.

O presidente da USCCB pediu aos fiéis para que rezem pelos bispos, “que tomaremos este tempo para refletir, nos arrependermos e nos comprometermos novamente com a santidade de vida e conformar nossas vidas ainda mais a Cristo o Bom Pastor”.

Confira também: