A Conferência do Episcopado Mexicano (CEM) expressou seu apoio à greve nacional das mulheres #UnDiaSinMujeres #UnDíaSinNosotras ((#UmDiaSemMulheres #UmDiaSemNós) convocada para 9 de março deste ano por um coletivo feminista que promove a legalização do aborto no México.

Em um comunicado publicado em 25 de fevereiro, a CEM também fez "um apelo para que esse tipo de manifestação social não nos divida, por questões políticas, nem por ideologias, ou expressões religiosas”.

"Em coerência com este pronunciamento, apoiamos a decisão livre de nossas companheiras religiosas e leigas que trabalham na Conferência do Episcopado Mexicano, de se juntar a esta iniciativa como acharem melhor", afirmou a CEM.

O comunicado é assinado por Dom Rogelio Cabrera López, Arcebispo de Monterrey e presidente da CEM; Dom Carlos Garfias Merlos, Arcebispo de Morelia e vice-presidente da CEM; Dom Ramón Castro Castro, Bispo de Cuernavaca e tesoureiro geral da CEM; Dom Alfonso G. Miranda Guardiola, Bispo Auxiliar de Monterrey e secretário-geral da CEM; Dom Javier Navarro Rodríguez, Bispo de Zamora e primeiro suplente; e Dom José Leopoldo González González Bispo de Nogales e segundo suplente.

A convocação para a greve nacional surgiu depois que nas últimas semanas foram registrados os assassinatos da jovem Ingrid Escamilla, 25 anos; de Fátima, uma menina de apenas 7 anos; Karol, um bebê de apenas 5 meses; e Mayte Viridiana Aguilar, de 33 anos.

Ingrid teria sido assassinada por seu parceiro ao norte da Cidade do México, enquanto Fátima foi sequestrada, estuprada e depois assassinada. Seu corpo foi encontrado ao sul da capital mexicana. 

Karol teria morrido de bronco-aspiração e sua mãe decidiu abandonar seu corpo em uma área desolada de Saltillo, no norte do país. Mayte foi baleada enquanto era transportada em um carro de aplicativo no sul da Cidade do México.

O comunicado de imprensa da CEM confirma o que foi expresso aos jornalistas em 23 de fevereiro por Dom Cabrera López, que disse que “essa paralisação que as mulheres pedem hoje deve ser apoiada por todos, porque, embora toda a vida humana seja sempre digna de valor e respeito, quando se trata dos mais fracos ou daqueles que sempre foram aproveitados, é necessário corrigi-lo”.

Pastoral Siglo XXI (Pastoral Século XXI), semanário da Arquidiocese de Monterrey, sublinhou em uma nota de imprensa que o presidente da CEM "assinalou que a paralisação das mulheres do dia 9 de março deve ser apoiada".

A convocação para a greve nacional das mulheres foi realizada pelo coletivo feminista mexicano “Las Brujas del Mar” (As bruxas do mar), que também promove a legalização do aborto no México.

Em uma publicação de 12 de dezembro de 2019, "As Bruxas do Mar" usaram uma imagem de Nossa Senhora com um lenço verde pendurado no pescoço para sua agenda pró-aborto, acompanhada da legenda "Perguntaram até para a Virgem se ela queria ser mãe”.

Também promovem o uso do misoprostol, um medicamento usado para o aborto químico.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Dom Cabrera López disse que "em todas as paróquias e aqui na cúria as atividades serão suspensas"

“Acho que temos que apoiar essa conscientização, mas faremos toda uma agenda na qual asseguraremos que os lugares de trabalho sejam seguros, espiritual, animicamente e fisicamente para todas as mulheres, e vamos fazer a mesma coisa com as paróquias”, disse.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Somente em instituições públicas na Cidade do México, onde essa prática é legalizada mediante solicitação até as 12 semanas de gestação, entre abril de 2007 e setembro de 2019, foram registrados 216.755 abortos, segundo dados oficiais.

O número de abortos realizados em instituições privadas na Cidade do México permanece na escuridão devido à falta de registros oficiais.

Um estudo independente publicado em 2017 estimou que o total de abortos realizados desde 2007 na capital mexicana totalizou mais de 1,5 milhão.

Várias plataformas e ativistas pró-aborto aderiram à greve nacional das mulheres convocada por “As Bruxas do Mar”, incluindo a senadora Jesusa Rodríguez, do partido Morena do presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador.

O Sistema Universitário Jesuíta do México (SUJ), que reúne oito universidades e institutos administrados pela Companhia de Jesus no país, confirmou que também se juntará à greve nacional convocada pela organização feminista pró-aborto.

Entre as universidades jesuítas do país estão a Universidad Iberoamericana (IBERO) na Cidade do México, Puebla, Tijuana, León, Torreón e Valle del Chalco; bem como o Instituto Superior Intercultural Ayuuk (ISIA) e o Instituto Tecnológico e de Estudos Superiores de Ocidente (ITESO).

A IBERO da Cidade do México organiza todos os anos a polêmica “Semana da Diversidade Humana”, um evento que serve como plataforma para promover a agenda LGBTIQ (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, interssexuais e queer).

A ITESO esteve no centro da controvérsia em setembro de 2018, ao sediar o evento “Diálogo em torno do direito de decidir”, com três expositoras de organizações que promovem a legalização do aborto no México e em outros países do mundo.

A Universidade Anáhuac, da congregação dos Legionários de Cristo, também confirmou seu apoio à greve nacional de mulheres convocada por feministas pró-aborto.

A Universidade Pan-Americana, cuja atenção espiritual e orientação doutrinária são confiadas à Prelazia do Opus Dei, disse através de suas redes sociais que "todos os membros de nossa Instituição – alunas, professoras e colaboradoras – contam com nosso apoio e justificativa automática de seu não comparecimento na Universidade, se assim o decidirem".

A Pontifícia Universidade do México também se juntou à campanha iniciada por feministas promotoras do aborto e assegurou que "ninguém com um pouco de senso pode se opor".

De 1º a 31 de janeiro de 2020, segundo dados do Secretariado Executivo do Sistema Nacional de Segurança Pública, em todo México ocorreram 2.359 homicídios dolosos e 72 feminicídios.

Em 2019, foram registrados 29.406 homicídios dolosos e 980 feminicídios.

Diversos líderes da defesa da vida e da luta contra o aborto se manifestaram contra a greve nacional organizada por feministas radicais.

Juan Carlos Leal, deputado estadual de Nuevo León e conhecido promotor de leis em favor da vida e da família, alertou em suas redes sociais que a greve nacional "é também para promover o aborto legal".

Leal também lembrou que a imprensa norte-americana informou em 2017 que a versão norte-americana do “Um dia sem Mulheres”, "Day Without a Woman", recebeu 246 milhões de dólares do magnata George Soros, que promove a legalização do aborto e a agenda da ideologia de gênero em vários países, através de sua fundação OpenSociety.

“O México NÃO precisa #UnDíaSinMujeres (#UmDiaSemMulheres) ou #UnDíaSinHombres (#UmDiaSemHomens). Vemos agora um problema ideológico, causado pela esquerda que visa a guerra dos sexos, o confronto e gerar mais violência”, escreveu Leal, assegurando que “o que México quer é pelo menos #UnDíaSinViolencia (#UmDiaSemViolência)”.

Por sua vez, a plataforma pró-vida 40 Dias pela Vida, que reuniu homens e mulheres em jejum e oração pelo fim do aborto, assegurou que “México não precisa de um dia sem mulheres ou um dia sem homens. México precisa de toda a vida sem violência”.

Além disso, assinalou que “o México não precisa de #UnDíaSinMujeres (#UmDiaSemMulheres) ou #UnDíaSinHombres (#UmDiaSemHomens) precisa de #DíasDeOración (#DiasDeOração)”.

Através do Twitter, várias mulheres se manifestaram contra a greve nacional. Entre elas, @AlgabyR, "La chica de la mantilla" (A menina do xale), que assegurou que "permaneço firme em que vou trabalhar e terei prazer em usar meu lenço azul. Em representação de todas as mulheres que não lhes permitem nascer, também é violência”.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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