Em um comunicado, a Conferência Episcopal Equatoriana (CEE) propôs ser mediadora para solucionar a atual crise do país causada pelas últimas medidas econômicas aprovadas pelo governo, incluindo a retirada de subsídio do combustível, que vigorava há 40 anos.

“Dentro do marco constitucional e jurídico do Estado equatoriano e buscando o bem comum, como Conselho da Presidência da Conferência Episcopal Equatoriana, reafirmamos nosso firme compromisso de colaborar na solução das tensões ou conflitos que a sociedade equatoriana enfrenta atualmente. Como tal, continuamos abertos a toda proposta que as partes considerem conveniente, oportuna e nos termos mais apropriados”, disseram os bispos em uma carta datada de 7 de outubro.

"Fazemos votos para que o diálogo sereno e respeitoso nos permita continuar trabalhando pela justiça e pela solidariedade que nosso povo espera das autoridades governamentais e de todos os atores sociais e políticos”, acrescentaram. 

Na terça-feira, 1º de outubro, o presidente Lenín Moreno anunciou um ajuste econômico que inclui, além do corte de subsídio aos combustíveis, medidas como a contribuição especial das empresas com receita superior a dez milhões de dólares por ano, para destinar o arrecadado à segurança, educação e saúde.

Além disso, estabeleceu uma redução de 20% nos salários de contratos temporários do setor público e uma redução de férias de 30 para 15 dias para os funcionários públicos. No entanto, a medida que mais causou polêmica foi a relacionada aos combustíveis.

O ministro de Economia e Finanças, Richard Martinez, disse que essas medidas respondem ao acordo de fevereiro com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que concedeu ao Equador acesso a empréstimos de 4,2 bilhões de dólares em três anos, dos quais 900 milhões já foram entregues.

Segundo o FMI, as medidas econômicas de Moreno – cujo antecessor foi o ex-presidente Rafael Correa – "visam melhorar a resiliência e a sustentabilidade da economia equatoriana".

No entanto, o reajuste econômico gerou protestos violentos, especialmente em Quito e Guayaquil, que foram respondidos, na quinta-feira, pelo governo com um estado de exceção que, entre outras coisas, mobiliza as Forças Armadas e a Polícia Nacional para manter a ordem e evitar mais violência. Além disso, suspende a liberdade de associação e reunião em todo o país.

Nesta quarta-feira, 9 de outubro, o presidente Moreno chegou a Quito, de Guayaquil, para monitorar a situação de crise na capital.

Dias antes, em 4 de outubro, os bispos equatorianos se manifestaram a favor da “paz social” e assinalaram que “o diálogo é o caminho mais adequado e eficiente para que os equatorianos, especialmente os políticos, empresários e representantes dos grêmios e sindicatos, encontremos novos caminhos que nos conduzam a um país próspero a partir de uma economia justa e solidária ”.

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