“Não cometam o mesmo erro que fizeram quando do genocídio em Ruanda”. Este foi o que pediu o Bispo de Gboko, Dom Amove Avenya, ao denunciar a existência de um plano de islamização de certas regiões da Nigéria.

O apelo do Prelado foi feito em declarações à Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) após um novo ataque ocorrido no último domingo, 24 de junho, no estado de Plateau, na região centro da Nigéria, que deixou cerca de uma centena de mortos e dezenas de casas destruídas às mãos de pastores islamitas fulani.

Diante dessa situação, Dom Avenya, em cuja diocese a maioria da população é cristã, fez um chamado para que o mundo não permita um genocídio no seu país tal como aconteceu em Ruanda. “Aquilo estava à vista de todos, mas ninguém fez nada... E todos sabemos como aquilo acabou”, advertiu.

Segundo a Fundação ACN, “estas declarações do Bispo de Gboko mostram o sentimento de medo em que vive a comunidade cristã perante o avolumar de incidentes violentos ocorridos na região central da Nigéria”.

Os fulani são um grupo de pastores nômades que possuem um histórico de disputas com agricultores cristãos por causa das pastagens para o gado. Entretanto, nos últimos tempos, o clima de tensão tem se agravado, tendo sinais de que se estaria perante um conflito de carácter religioso.

Dados oficiais apresentados por ACN indicam que, desde o início deste ano, só no estado de Benue, foram registrados mais de quatro centenas de vítimas mortais.

“São criminosos e terroristas, no entanto não fazem o mesmo em territórios onde há uma maioria de população muçulmana”, assinalou Dom Avenya, que diz estar convencido “de que se trata de um ato de limpeza étnica contra os cristãos”.

O Prelado observou ainda que os fulani têm armas cada vez mais sofisticadas. Segundo ele, “houve um tempo em que esses pastores andavam apenas com paus”, mas, “agora andam com metralhadoras AK 47, que são armas muito caras e que eles não conseguem pagar”. “Quem fornece essas armas?”, questionou.

Do mesmo modo, os Bispos de Katsina Ala, Dom Peter Iornzuul Adoboh, e de Lafia, Dom Matthew Ishaya Audu, também acreditam que há um objetivo claro de “islamização” da região central da Nigéria, com o uso da violência e tem sido desencadeado pelos fulani.

“Eles querem prejudicar os cristãos”, expressou Dom Ishaya Audu, ressaltando que “o governo não faz nada para os deter, porque o presidente Buhari também é da etnia fulani”.

De acordo com a Fundação ACN este clima de violência é também alimentado pelo fato de as autoridades não agirem rapidamente diante dos ataques nem promoverem medidas de segurança eficazes.

Nesse sentido, os Bispos de Lafia e Katsina lamentaram que “os cristãos são assassinados e são obrigados continuamente a viver como deslocados por causa da violência”.

“No Ocidente, tem-se avaliado o problema dos fulani como sendo uma questão interna da Nigéria. Não façam o mesmo que em Ruanda… não esperem para intervir depois do genocídio já ter acontecido”, alertaram também os Prelados.

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