Os Bispos da Conferência Episcopal Espanhola (CEE) emitiram uma declaração sobre a “grave situação na Catalunha”, na qual exortam o diálogo e evitar decisões e ações “irreversíveis”.

A declaração aparece quando a tensão aumenta em vistas do referendo separatista que Catalunha deseja realizar no domingo, 1º de outubro, declarado inconstitucional pelo Tribunal Constitucional da Espanha; e que causou a prisão 14 autoridades catalãs e a apreensão de milhões de cédulas de votação, o que gerou o protesto de milhares de catalães.

Em sua declaração no dia 27 de setembro, os prelados espanhóis assinalam primeiramente que tornam próprios os desejos e sentimentos dos “bispos com sede no território da Catalunha, autênticos representantes das suas dioceses”, que encorajaram à não confrontação e à busca do bem comum no dia 20.

O texto da declaração, lido pelo presidente da CEE, Cardeal Ricardo Blázquez, assinala que “nestes momentos graves a verdadeira solução do conflito passa pelo recurso ao diálogo a partir da verdade e pela busca do bem comum de todos, como assinala a Doutrina Social da Igreja”.

Para este diálogo, indicam, “é necessário que, tanto as autoridades das administrações públicas, como os partidos políticos e outras organizações, assim como os cidadãos, evitem decisões e ações irreversíveis e com consequências graves, que nos afaste da prática democrática amparada pelas leis legítimas que garantem a nossa convivência pacífica e dão origem a fraturas familiares, sociais e eclesiais”.

Depois de recordar a importância do respeito às instituições, expresso na Constituição, os prelados ofereceram a sua “colaboração sincera ao diálogo em favor de uma convivência pacífica e livre entre todos”.

O contexto da crise

Esta crise começou em 2012, quando o governo autóctone da Catalunha exigiu ao presidente do governo espanhol um acordo fiscal que lhes desse absoluto controle das finanças em seu território, algo que foi negado pelo governo espanhol, imerso em uma profunda crise econômica.

Após a negativa e pressionado por forças de esquerda radical, o então presidente da Generalitat da Catalunha, Artur Mas, decidiu empreender um processo independentista que pretende alcançar seu cume no dia 1º de outubro, com a realização de um referendo.

Para poder realizar esse refenredo, o parlamento regional da Catalunha aprovou no início de setembro duas leis transicionais que, na prática, revogavam a Constituição Espanhola no território catalão, algo para o qual não têm competência, já que as mudanças constitucionais só podem ser feitas pelo Parlamento Espanhol com maioria qualificada (superior a maioria absoluta) e posteriormente ratificados em um referendo no conjunto do país.. Nenhum desses dois requisitos aconteceram.

Como consequência, o Tribunal Constitucional declarou anticonstitucionais ambas as leis e proibiu o referendo.

Apesar disso, o presidente da Generalitat da Catalunha, Carles Puigdemnot, no poder graças a uma combinação de partidos de extrema esquerda embora seja liberal, declarou que não reconhece o Tribunal Constitucional e anunciou que continuava com os planos do referendo.

Depois de tornar pública sua negativa de cumprir a lei, o Procurador Superior da Catalunha ordenou que a Guarda Civil coloque fim aos preparativos do referendo e confisque todos os materiais para a realização do mesmo.

A Guarda Civil cumpriu a ordem a ordem judicial e, após registrar diversas dependências da Generalitat, apreendeu vários materiais destinados ao referendo e deteve 14 alto funcionários políticos acusados de sedição por violar as sentenças do alto tribunal.

As forças nacionalistas vinculadas ao governo catalão, a Assembleia Nacional Catalã e Omnium, responderam mobilizando milhares de simpatizantes independentistas.

Em declarações em 20 de setembro, o presidente do governo, Mariano Rajoy, exigiu ao presidente catalão que suspenda o referendo, que volte à lei e à democracia e recordou que não tem nenhuma legitimidade.

Além disso, o governo espanhol procedeu para assumir o controle da polícia autônoma da Catalunha e das finanças da região.

Por sua parte, o presidente da Generalitat rechaçou a efetividade dessas ações e insistiu que no dia 1º de outubro “sairemos de casa, levaremos uma cédula e a usaremos”.

Na terça-feira, 26 de setembro, Rajoy visitou na Casa Branca o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com quem teve um almoço de trabalho.

Em seguida, durante uma coletiva de imprensa, o presidente dos Estados Unidos afirmou que “a Espanha é um grande país e deveria permanecer unido”.

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