O Bispo de Sokoto (Nigéria), Dom Matthew Kukah, denunciou os “gritos de uma islamização estridente em todo o país” que são permitidos pela corrupção do governo, segundo um relatório do dia 8 de janeiro de ‘Catholic News Service’ da Nigéria.

“Esses gritos surgem quando aqueles que estão no poder usam a afiliação religiosa e o nepotismo descarado como meio de acesso ao poder”, continuou o bispo em uma homilia no dia 8 de dezembro, durante a ordenação de três sacerdotes, na Festa da Imaculada Conceição, na Catedral da Sagrada Família de Sokoto.

As declarações provavelmente se referiam ao Boko Haram, grupo islâmico militante na Nigéria, responsável pela morte de aproximadamente 53.870 pessoas desde maio de 2011, segundo o Conselho das Relações Exteriores.

“Os motivos (do Boko Haram) contra o Estado nigeriano são basicamente os mesmos dos nigerianos comuns sobre a persistência da corrupção, das crescentes desigualdades, o fato de que o sistema político não funciona e que a pobreza está aumentando”, disse Dom Kukah a CNA – agência em inglês do Grupo ACI – em uma entrevista em 2014.

Algumas semanas depois das suas declarações, o irmão de Dom Kukah, Yohana Sidi Kukah, foi sequestrado, segundo ‘The Nation’, jornal nigeriano.

‘The Nation’ informou que Yohana Kukah foi libertado em 11 de janeiro, depois de passar mais de uma semana no cativeiro.

Dom Kukah muitas vezes criticou abertamente os funcionários nigerianos, especialmente o presidente Buhari, que frequentemente é acusado de usar a sua identidade islâmica a fim de conseguir lucros políticos. Em 2001, Buhari pediu a execução da Lei Sharia do Islã em todo o país.

A Comissão Eleitoral Nacional Independente da Nigéria anunciou em 10 de janeiro que as eleições presidenciais e parlamentares do país serão realizadas em 16 de fevereiro de 2019, segundo a Associated Press.

Dom Kukah pediu frequentemente a paz nos 6 anos em que é responsável pela Diocese de Sokoto, região localizada no nordeste da Nigéria, lar de outro líder religioso, o Sultão de Sokoto, considerado o líder espiritual muçulmano mais importante da Nigéria.

Dom Kukah é formado em “estudos de paz”, também com estudos em Harvard e Oxford.

“Infelizmente, parece que fizemos o melhor que pudemos, ou seja, desperdiçar estas oportunidades e permitir que as forças escuras da intolerância, os preconceitos e a ganância sejam enraizadas e, atualmente, estamos muito mais divididos do que estávamos na história da nossa nação”, disse Kukah em sua homilia em 8 de dezembro.

Finalmente, disse que, “quando essas coisas começam a acontecer”, é necessário olhar para cima e manter a cabeça levantada, “porque no momento em que Deus te libertará, a tua redenção está próxima”.

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