A arquidiocese de Belo Horizonte (MG) celebrou 15 anos da beatificação de padre Eustáquio van Lieshout no último domingo. Em missa em ação de graças pela data, o arcebispo Walmor Oliveira de Azevedo declarou que “essa memória reaviva em nós a gratidão por este dom bonito de alguém tão especial, o missionário da saúde e da paz”.

Religioso da Congregação dos Sagrados Corações, padre Eustáquio foi beatificado em 15 de junho de 2006. A Missa de beatificação foi celebrada pelo então prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal José Saraiva Martins, no estádio Mineirão, na capital mineira.

A comemoração pelos 15 anos da beatificação teve início com uma carreata que saiu do Santuário da Saúde e da Paz com a imagem do beato padre Eustáquio e seguiu rumo à Catedral Cristo Rei, onde foi celebrada a Missa.

Em sua homilia, dom Walmor afirmou que, ao celebrar os 15 anos da beatificação, “somos chamados a nos perguntar: qual é o segredo da santidade de vida?”. De acordo com o arcebispo, “responder essa pergunta significa traçar um caminho para nossa própria vida” e “fazer da nossa vida um dom, um dom para os outros, mas também um dom para nós mesmos na alegria de saber viver”.

“O missionário da saúde e da paz, tão próximo de nós, tendo estado na vida de tantas famílias que conhecemos, na vida de nossa Igreja particular, da congregação, é uma escola de ensinamentos”, disse dom Walmor. Recordou, em seguida, que padre Eustáquio costumava saudar as pessoas desejando-lhes “saúde e paz”.

“Ao desejar saúde e paz nós não estamos dizendo uma fórmula qualquer, são votos e preces, duas colunas fundamentais para o sustento de nossa vida”, disse.

Padre Eustáquio nasceu em 3 de novembro de 1890, em Aarle Rixtel, na Holanda, e recebeu o nome de batismo de Humberto van Lieshout. Ingressou na Congregação dos Sagrados Corações e foi ordenado sacerdote em 10 de agosto de 1919. Seis anos depois, em 15 de julho de 1925, chegou como missionário ao Brasil, juntamente com seus irmãos de congregação, os padre Gil van den Boorgart e Matias van Rooy.

Inicialmente, foram para a cidade de Romaria, no Triângulo Mineiro, onde assumiram a pastoral do santuário episcopal e da paróquia de Nossa Senhora da Abadia de Água Suja e das paróquias de São Miguel de Nova Ponte e Santana de Indianópolis, na arquidiocese de Uberaba.

Padre Eustáquio dava especial atenção aos doentes. Segundo sua biografia publicada pelo site do Vaticano, quando ministrava suas orientações pessoais para “ações curativas de enfermidades físicas Padre Eustáquio falava da disposição de Deus em curar as pessoas integralmente e, sempre que possível, indicava medicamentos naturais de aquisição fácil e uso seguro”, sempre recorrendo aos seu “Manuel de Medicina na Campo”.

Mais tarde, padre Eustáquio foi transferido para Poá (SP), onde “também fazia bênçãos, entre elas a da água no reservatório e nas pias de água benta, à entrada da igreja”. Com o tempo, “fiéis começaram a levar para a igreja garrafas de água para ser abençoadas”. Mas, com a repercussão de notícias de curas por meio das bênçãos do sacerdote, “o aglomerado de pessoas começou a aumentar em Poá”. Assim, ele foi transferido para Araguari e tomou um tempo de reclusão.

Em 1942, foi transferido para Belo Horizonte, onde chegou “sem alarde, já que era nacionalmente venerado como santo e taumaturgo. Porém, a despeito da discrição, logo nos primeiros dias muitas pessoas o procuraram pedindo bênçãos e curas”.

No dia 16 de maio de 1943, lançou a pedra fundamental da atual Igreja dos Sagrados Corações, conhecida como Igreja do Padre Eustáquio, a qual não chegou a ver construída. Padre Eustáquio morreu em 30 de agosto daquele mesmo ano.

Padre Eustáquio foi declarado beato após o reconhecimento da cura milagrosa de um sacerdote por sua intercessão. Padre Gonçalo Belém, de Belo Horizonte, foi curado de um câncer, em 1962. Na época, o sacerdote tinha 39 anos e descobriu que tinha um tumor na laringe e que deveria ser submetido a uma cirurgia, sem garantia de cura. Incentivado a pedir a intercessão de padre Eustáquio, pe. Gonçalo assim o fez. Na véspera de sua cirurgia, os médicos não detectaram nenhum sinal do tumor. Pe. Gonçalo Belém Rocha morreu em 2007, aos 83 anos.

Para amanhã, dia do aniversário da beatificação de padre Eustáquio, está programada uma Missa, às 19h, no Santuário Saúde e Paz, presidida pelo arcebispo emérito de Vitória (ES), Dom Luiz Mancilha Vilela, que também é religioso da Congregação dos Sagrados Corações.

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