O Arcebispo de Kansas City (Estados Unidos), Dom Joseph Naumann, assinalou que o novo presidente do país, Joe Biden, deve reconhecer que sua apresentação como católico devoto contradiz suas fortes posições políticas que apoiam o aborto.

Em uma entrevista ao Catholic World Report, Dom Naumann assinalou que "o presidente deveria deixar de se definir como um católico devoto e reconhecer que seu ponto de vista sobre o aborto é contrário aos ensinamentos morais católicos”.

“Seria uma abordagem mais honesta de sua parte dizer que está em desacordo com a Igreja neste importante tema e que está agindo contra os ensinamentos da Igreja”, acrescentou.

O Prelado indicou que, quando Biden afirma ser “um católico devoto, nós, bispos, temos a responsabilidade de corrigi-lo. Embora o povo tenha lhe dado o poder e a autoridade como presidente, ele não pode definir o que é ser católico e o que é ensinamento moral católico”.

“O que está fazendo agora é usurpar o papel dos bispos e confundir o povo. Ele está declarando que é católico e vai forçar as pessoas a apoiarem o aborto com o dinheiro de seus impostos. Os bispos devem corrigi-lo, já que o presidente está agindo contra a fé católica”, frisou.

Dom Naumann, como presidente do Comitê de Atividades Pró-Vida da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB), emitiu um comunicado com a resposta dos bispos à declaração de Biden de 22 de janeiro, na qual respalda o aborto legal no aniversário da sentença Roe vs. Wade, que abriu as portas para a legalização desta prática.

“Exortamos firmemente o presidente a rejeitar o aborto e a promover a ajuda em favor das mulheres e das comunidades necessitadas”, assinalaram os prelados.

Nos primeiros dias de seu governo, Biden revogou a Política da Cidade do México, que proíbe o financiamento federal de ONGs estrangeiras que promovem ou realizam abortos como método de planejamento familiar. Com a vice-presidente Kamala Harris, Biden enfatizou seu compromisso em nomear juízes federais favoráveis ao aborto e em codificar os precedentes judiciais a favor do aborto na lei federal.

Dom Naumann destacou a ação do Pe. Robert Morey, um sacerdote da Carolina do Sul que se recusou a dar a Sagrada Comunhão a Biden em uma missa em 2019 devido à sua posição sobre o aborto.

O Prelado indicou que o Padre Morey estava "seguindo sua consciência" e que "o presidente tem a responsabilidade de não se apresentar à Sagrada Comunhão".

“Quando os católicos recebem a Eucaristia, estão reconhecendo a Presença Real de Jesus e também acreditam nos ensinamentos da Igreja”, assinalou. “O presidente Biden não acredita nos ensinamentos da Igreja sobre a santidade da vida humana e não deve colocar o sacerdote em uma situação em que tenha que decidir se permite ou não que ele receba a Eucaristia. Ele deve saber disso depois de 78 anos como católico”, acrescentou.

Dom Naumann também assinalou que a sua "maior preocupação" é a possível eliminação da Emenda Hyde, que proíbe o financiamento federal de abortos voluntários.

Durante as eleições de 2004, os bispos dos Estados Unidos emitiram a declaração "Católicos na Vida Política", dando aos sacerdotes a decisão de negar a Sagrada Comunhão aos políticos pró-aborto.

Nesse mesmo ano, o então Cardeal Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, enviou uma carta a Theodore McCarrick, então Arcebispo de Washington, com a expectativa de que a lesse para seus colegas bispos.

A carta dizia que os políticos pró-aborto, depois de serem admoestados por seu pastor sobre os ensinamentos da Igreja e advertidos contra apresentar-se à comunhão, "não deveriam ser admitidos à Sagrada Comunhão".

Dom Naumann também falou na entrevista sobre a Marcha pela Vida, a proposta de emenda constitucional de Kansas para rejeitar uma decisão da Suprema Corte estatal sobre o “direito” ao aborto, a permissibilidade ética das vacinas e se o seu uso deveria ser obrigatório, e a Lei de igualdade federal, uma proposta legislativa que poderia coagir as instituições religiosas para que ajam contra as suas crenças religiosas.

Publicado originalmente em CNA.

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