A doutora Kathleen Lahiffe, especialista em bioética, alertou que revogar a emenda que protege a vida do nascituro, o que abriria as portas ao aborto, prejudicaria as mulheres e a sociedade da Irlanda.

Em entrevista concedida à CNA – agência em inglês do grupo ACI –, Lahiffe disse que “muitas vezes dizem às mulheres que não é um grande problema. Desculpe-me, mas é e deve ser”, pois o aborto “gera muitos danos nas mulheres, é algo enorme”.

Na Irlanda, o aborto está proibido constitucionalmente. Graças à Oitava Emenda, a Constituição assegura que o Estado “reconhece o direito à vida do nascituro, com a devida consideração ao mesmo direito à vida da mãe, garante em suas leis respeitar e, até onde seja praticável, defender com suas leis e reivindicar esse direito”.

Entretanto, constantemente as organizações que promovem o aborto buscaram revogar esta emenda para facilitar a implantação desta prática.

O governo da Irlanda aprovou a realização de um referendo no dia 25 de maio para decidir se a emenda que defende a vida no ventre materno será ou não revogada e ofereceu promover uma lei para permitir o aborto até a 12ª semana de gestação, caso triunfe o “sim”.

A especialista, que trabalhou como obstetra na Irlanda e Inglaterra antes de obter um doutorado em bioética, indicou que a linguagem usada pelos promotores do aborto está “dessensibilizando as mulheres” sobre seus riscos.

Além dos efeitos psicológicos, a especialista explicou que alguns dos riscos de um aborto são a perfuração do útero, infecções que levam à esterilidade, danos aos intestinos, cistites. “Por que não falamos sobre os riscos de um procedimento como o aborto? Se vamos cuidar da saúde das mulheres, precisamos conhecer seus efeitos”, ressaltou.

Lahiffe destacou ainda que o caso da Irlanda é único, por ter uma emenda constitucional que protege o direito à vida da mãe e do nascituro. “Protegemos a vida da mãe e do pequeno. Nenhum outro país no mundo tem uma emenda assim”, assinalou.

“O que estamos fazendo é colocar este temo, o direito à vida, nas mãos dos políticos... isso dá medo”, comentou.

Em seguida, a especialista defendeu a objeção de consciência dos médicos que se opõem ao aborto e lamentou que a legalização desta prática promove uma cultura de descarte das pessoas com deficiência. “Que mensagem estamos dando à sociedade? Temos que ser responsáveis pelos mais vulneráveis”, ressaltou.

Sobre o referendo que será realizado na Irlanda, Lahiffe disse que os votantes devem “escolher aquilo que vai causar menos dano e esse é o voto pelo ‘não’”.

“Destruir ou negar o direito à vida de qualquer pessoa, nascida ou por nascer, doente ou saudável, essa é a linha final”, advertiu. Ninguém deve ter “a possibilidade de negar o direito à vida”, concluiu.

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