O papa Francisco exortou os anglicanos a “seguir em frente, deixar para trás as coisas que dividem, no passado como no presente, e manter juntos o olhar fixo em Jesus e na meta que Ele deseja e nos indica, a da unidade visível entre nós. É uma unidade a ser acolhida com humildade, como a graça do Espírito, e ser levada adiante num caminho, apoiando-se reciprocamente”.

O papa falava aos membros da Comissão Internacional Anglicano-Católica Romana (ARCIC) que recebeu na manhã de hoje (13) no Palácio Apostólico do Vaticano. O papa agradeceu a eles pelos esforços para “aumentar os laços que unem católicos e anglicanos”.

Em seguida, o papa Francisco disse que "o diálogo ecumênico é um caminho", no qual devemos "partilhar metas e cansaço, de sujar as mãos socorrendo juntos os irmãos e irmãs feridos que vivem descartados às margens do mundo, de contemplar com um único olhar e proteger com o mesmo compromisso a criação que nos circunda, de nos encorajar nas fadigas da caminhada. Este é o significado do caminho”.

“A Igreja Católica iniciou um processo sinodal: para que esse caminho comum seja assim, a contribuição da Comunhão Anglicana não pode faltar. Sentimos vocês como preciosos companheiros de viagem.”, disse o papa.

Francisco também falou sobre a sua próxima viagem ao Sudão do Sul, junto com o arcebispo Justin Welby e o moderador da Igreja da Escócia.

“Será uma peregrinação ecumênica de paz. Rezemos para que inspire os cristãos no Sudão do Sul e no mundo a serem promotores da reconciliação, tecelões de concórdia, capazes de dizer não à perversa e inútil espiral da violência e das armas.”, disse o papa.

Voltando ao tema do ecumenismo, o papa Francisco explicou aos presentes que “cada busca por uma comunhão mais profunda só pode ser uma troca de dons, onde cada um assimila como seu próprio o que Deus semeou no outro”.

Nesta linha, Francisco nos convidou a “não tomar cuidado em aparecer bonitos e seguros diante do irmão, apresentando-se a ele como sonhamos em ser, mas para mostrar-lhe com o coração aberto como realmente somos e mostrar também os nossos limites”.

“Isso exige coragem, mas é o espírito do dom, porque todo dom verdadeiro implica renúncia, exige transparência e coragem, e sabe abrir-se ao perdão. Só assim as diferentes trocas de dons e experiências ajudarão a superar as formalidades próprias e tocar os corações”, disse o papa.

Segundo Francisco, “os dons do Espírito nunca são para uso exclusivo de quem os recebe. São bênçãos para todo o povo de Deus: a graça que recebemos também se destina aos outros, e a graça que os outros recebem é necessária para nós”.

Para concluir, Francisco disse que “na troca de dons aprendemos que não podemos ser suficientes para nós mesmos sem a graça concedida aos outros”.

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