A Pontifícia Fundação Ajuda à Igreja que sofre (ACN) alertou sobre o agravamento da crise econômica e política no Líbano e sobre o perigo que sofre a comunidade cristã local.

Segundo a ACN, o Líbano vem sendo um refúgio para milhares de refugiados cristãos que fogem da perseguição no Iraque ou na Síria. O Islã não é a religião do Estado no Líbano e há um acordo que determina que o presidente seja católico maronita e o primeiro-ministro, muçulmano. Até o início da década de 1970, quando milhares de palestinos foram expulsos da Jordânia e se instalaram no Líbano, o país tinha maioria cristã.

Em comunicado, a ACN mencionou a desvalorização histórica da moeda do Líbano, “lar da maior comunidade cristã do Oriente Médio”. Esta semana, a libra libanesa chegou a custar 17 mil por dólar, o que significa uma perda de 90% de seu valor “desde que começou a crise econômica em 2019”.

ACN afirmou que o Líbano, na qualidade de refúgio dos cristãos, está ameaçado pela crise monetária que “agravou-se não só pelas consequências econômicas da pandemia, mas também pelo impacto de uma explosão no ano passado em Beirute, uma das maiores explosões não nucleares jamais registadas”.

A explosão de 4 de agosto de 2020 destruiu os bairros, “na sua maioria cristãos, nas proximidades do porto de Beirute”, matando pelo menos 200 pessoas.

“A crescente ira contra o governo foi exacerbada por uma crise de combustível. A escassez de reservas estrangeiras necessárias para a importação de combustível fez com que muitos libaneses acordassem às 3h da madrugada para fazer fila”, informou a fundação pontifícia.

A diretora de projetos da ACN, Regina Lynch, disse que o Líbano “foi um lugar onde cristãos e muçulmanos podiam viver juntos, educar-se juntos, trabalhar juntos, e gostaríamos que isto continuasse”.

“As escolas católicas correm o risco de fechar. Os institutos católicos, como hospitais e clínicas, estão lutando para sobreviver, inclusive para encontrar os fundos necessários para comprar medicamentos e equipamentos médicos essenciais”, afirmou.

A ACN comentou sobre a jornada de oração convocada pelo papa Francisco para o dia 1º de julho e disse que os líderes cristãos do Líbano “orarão pelas soluções para a crise cada vez mais profunda do país”.

ACN informou que o patriarca da Igreja maronita, o cardeal Béchara Boutros, pediu repetidamente “um novo governo e uma conferência internacional dirigida pela ONU para abordar os problemas” que o Líbano enfrenta.

“O vazio de liderança política deixou o país incapacitado para resolver seus problemas, até mesmo os da covid-19. Sob essas pressões, os libaneses estão abandonando massivamente o país. Mais de 380 mil libaneses, a maioria deles cristãos, solicitaram vistos para o ocidente desde o início da crise”, lamentou a fundação.

Os cristãos libaneses reiteraram o pedido feito ao papa Francisco para que visite o país.

Durante a apresentação sobre as atividades anuais da ACN, o sacerdote da arquidiocese maronita de Beirute, padre Jad Chlouk, falou sobre a necessidade do apoio internacional e afirmou que “o importante agora é o apoio humanitário para todo o povo libanês”.

“A maioria dos cristãos sofre com a pobreza”, disse. “Os cristãos não pedem doações. Estamos pedindo estabilidade e um país seguro para viver. Precisamos de um ambiente seguro para ajudar nossas crianças a crescer em uma comunidade cristã unida”, acrescentou.

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