Ante as recentes tentativas de desconectar o suporte vital de Vincent Lambert - que ficou tetraplégico após um acidente de moto em 2008 - um grupo de 70 médicos denunciaram que se trata de “uma eutanásia sem esse nome”, e pediram para ser transferido a outro centro de saúde.

Através de uma carta publicada nesta quarta-feira no jornal francês ‘Le Figaro’, os profissionais de saúde expressaram a sua preocupação pelo anúncio realizado em 9 de abril por Vincent Sánchez - médico do Centro Hospitalar Universitário (CHU) de Reims, responsável pelo caso de Lambert- de querer suspender o tratamento do paciente, desconectar os aparelhos que o alimentam e hidratam e praticar uma sedação profunda e contínua.

Sánchez e uma equipe médica realizaram um procedimento durante cinco meses para avaliar a situação de Lambert, a pedido de François Lambert, sobrinho de Vincent; e concluíram que há "uma obstinação irracional" por mantê-lo vivo, opinião apoiada pela esposa e responsável legal do paciente, Rachel.

Pierre e Viviane Lambert, pais de Vincent, apresentaram uma apelação no tribunal de Châlons-en-Champagne para salvá-lo. Segundo informações do jornal ‘Ouest France’, logo depois da audiência realizada no último dia 19 de abril, o Tribunal anunciou que comunicará a sua decisão no máximo até a próxima segunda-feira, 23.

Na sua carta, aos 70 médicos e profissionais, que têm entre 30 e 40 anos de experiência “no cuidado de paralisia cerebral em estado vegetativo”, manifestaram a sua “incompreensão e inquietude com a decisão de desconectar os aparelhos de nutrição e hidratação do Sr. Vincent Lambert”.

Eles assinalaram que a respeito do caso existe “um tecido de incertezas e hipóteses, assim como opiniões contraditórias a nível de consciência, capacidades de relação e deglutição” de Lambert e que “o prognóstico, chega a uma sanção dramática incompreensível”.

“A maioria de nós não conhece o Sr. Vincent Lambert pessoalmente, além do que dizem sobre ele na mídia de maneira parcial, acerca da aplicação da lei de direitos dos pacientes e o fim da vida”, indicaram.

“Alguns médicos assistiram um pequeno vídeo, filmado em junho de 2015, que permite afirmar que o Sr. Vincent Lambert está bem", e disseram que atualmente ele estaria "em um estado em que não é de coma e não requer nenhuma animação”.

Portanto, manifestaram que o que pretendem realizar no tetraplégico francês é “uma eutanásia mas sem usar esse nome” e que ele “não está no fim da sua vida”.

No domingo, 15 de abril, o Papa Francisco pediu orações por todas as pessoas que sofrem de doenças graves, especialmente por Vincent Lambert e Alfie Evans, um menino com apenas 23 meses que sofre de uma condição neurológica grave e um juiz ordenou desconectar, embora a data e a hora que desconectarão o suporte vital serão mantidas em sigilo por razões legais.

No final da Audiência Geral de quarta-feira, 18 de abril, o Santo Padre disse: “Chamo à atenção novamente a Vincent Lambert e ao pequeno Alfie Evans, e gostaria de reiterar e fortemente confirmar que o único dono da vida, desde o início até o fim natural, é Deus!”.

Por sua parte, a mãe de Vincent, Viviane, enviou uma carta aberta através de ‘Le Figaro’ ao presidente da França, Emmanuel Macron, para defender o direito à vida do seu filho e denunciar que foi "condenado à morte".

“Ele tem uma filha pequena, está vivo e não cometeu nenhum crime”, indicou e sublinhou: “o meu filho não mereceria estar com fome e desidratado, quem se atreveria, neste sentido, falar de ‘morte com dignidade’?”, expressou.

Lambert ficou tetraplégico por causa de um acidente de moto em 2008. Seus pais, Pierre e Viviane, estão lutando por manter o seu filho vivo ante os tribunais franceses desde 2013, quando sua esposa Rachel - apoiada pelos irmãos de Vincent - quer que os seus suportes vitais sejam desconectados.

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