Mais de 1.200 professores universitários e pesquisadores poloneses exigiram que a memória do Papa São João Paulo II seja tratada com "verdade e respeito", depois que o nome do pontífice foi vinculado a supostas tentativas de encobrir casos de abuso sexual contra menores.

Em uma carta publicada no sábado, 21 de novembro, os acadêmicos, que incluem os nomes do diretor de cinema e professor da academia de cinema, Krzysztof Zanussi, e a ex-primeira ministra polonesa, Hanna Suchocka, argumentam que vincular São João Paulo II com a polêmica “mostra uma falta de respeito pelas páginas mais ilustres da nossa época”.

Segundo a Agência de Imprensa Polonesa (PAP), os acadêmicos escreveram que “no seu trabalho científico e didático são obrigados a buscar a verdade e a transmiti-la aos alunos”.

“Nos últimos dias, vimos uma onda de acusações contra João Paulo II. Ele é acusado de encobrir casos de atos de pedófilos entre o clero católico e solicitam a remoção de seus monumentos públicos. Essas ações têm como objetivo mudar a imagem de uma pessoa digna de respeito em outra culpada de crimes ofensivos”, escreveram os autores da carta.

Em outro ponto, recordaram "o grande papel do Papa no processo de libertação das nações da Europa Central e Oriental do domínio da União Soviética", o que o levou a se tornar o "líder espiritual dos poloneses no período de 'Solidariedade' e lei marcial”.

"A lista impressionantemente longa de méritos e realizações de João Paulo II está sendo questionada e riscada hoje", sublinha a carta. No entanto, “João Paulo II teve um impacto positivo na história mundial, foi um importante promotor mundial da ideia de liberdade para os povos e nações”.

Os acadêmicos, por outro lado, advertiram que as acusações contra São João Paulo II ameaçam transmitir uma falsa imagem do Papa às gerações futuras.

“Para os jovens nascidos após a sua morte, esta imagem falsa e degradada do Papa pode ser a única que conhecerão. Como qualquer outra pessoa, João Paulo II merece que se fale com sinceridade. Ao denegri-lo e rejeitá-lo, não estamos causando grande dano a ele, mas a nós mesmos. Estamos mostrando falta de respeito”, afirmaram.

A carta foi assinada por professores de universidades polonesas: a Universidade de Varsóvia, a Universidade Jagiellonian, a Universidade Nicolaus Copernicus em Toruń, a Universidade Adam Mickiewicz em Poznań, a Universidade Cardeal Stefan Wyszyński, a Universidade Católica de Lublin, a Universidade de Gdańsk , a Universidade da Silésia, a Universidade de Tecnologia de Varsóvia, a Universidade de Tecnologia de Wrocław e a Universidade Médica de Varsóvia.

A carta também foi apoiada por acadêmicos de vários institutos da Academia Polonesa de Ciências (PAP).

Os signatários da carta afirmam que “se outros professores leigos quiserem assinar este apelo, podem fazê-lo escrevendo para apelprofesorow@gmail.com com o seu título acadêmico e o nome da universidade”.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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