O Cardeal Oscar Andrés Rodríguez Madariaga, Arcebispo de Tegucigalpa (Honduras), confirmou que o grupo de teólogos da libertação do grupo autodenominado "Ameríndia", que montou estruturas de pressão e influência paralelas durante a Conferência de Santo Domingo (1992) e o Sínodo da América (1997) encontra-se "colaborando" com a V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano.

Embora o grupo "Ameríndia" assinala que tem um local ao interior da estrutura onde se realiza a V Conferência, o Cardeal Rodríguez Madariaga negou que o grupo contasse com um escritório próprio nas instalações.

Entretanto, assinalou que o outrora grupo paralelo foi "integrado às discussões" e vieram contribuindo com material e propostas rumo à V Conferência há dois anos.

"Nós dissemos a Ameríndia e alguns outros teólogos da libertação que durante a mesma Conferência estamos abertos a receber todo tipo de contribuições. Não estão aqui na Conferência. Não podiam estar como participantes, mas sim muitos deles foram consultados," explicou o Cardeal.

"São um grupo como qualquer outro neste momento", assinalou o Arcebispo de Tegucigalpa, ao evidenciar que os teólogos da libertação tinham renunciado a montar uma organização paralela, em troca de poder oferecer sua assessoria aos bispos participantes da V Conferência que assim o desejem.

Segundo o primeiro relatório publicado pela Ameríndia, o grupo de "assessoria" para a V conferência conta com cerca de trinta pessoas, entre elas: Gregorio Iriarte (Bolívia), José Oscar Beozzo (Brasil), Vera Bombonatto (Brasil), Paulo Suess (Brasil), Pedro de Oliveira (Brasil), Roberto Oliveros (Brasil), Ronaldo Muñoz (Chile), José María Arnaiz (Chile), Sergio Torres (Chile), Consuelo Vélez (Colômbia), Pablo Richard (Costa Rica), Pedro Acevedo (República Dominicana), Eleazar López (México), Socorro Martínez (México), Thomas Schreijaeck (Alemanha), Angel Caputo (Argentina), Tereza Sartorio (Brasil), Cecilia Domezi (Brasil), Benedito Ferraro (Brasil), Silvia Regina (Costa Rica-Brasil), Lauren Fernández (Equador), Pablo Bonavía (Uruguai), Markus Bueker (Alemanha - Colômbia), Magdalena Martínez (Uruguai), Rosario Hermano (Uruguai), Israel Nery (Brasil) y Oscar Elizalde (Colômbia), Pilar Torres (Colômbia), Martha Orzini (Bolívia), Eduardo de la Serna (Argentina) e Guillermo Meléndez (Costa Rica).

O mesmo relatório assinala que "pudemos atracar a que será nossa casa em adiante, e até que termine a V Conferência: São Canisio (em Aparecida)". Ali, "saudamo-nos com os/as companheiros/as da Ameríndia o Brasil que já haviam chego e fomos enviados aos quartos dois a dois".

Ameríndia, que originalmente incluiu exclusivamente teólogos da libertação de vertente marxista e que em seguida se ampliou a líderes de movimentos ativistas e comunicadores, assinalou que espera poder assessorar a "40 bispos"; mas em suas primeiras intervenções públicas, seus membros já se mostraram em aberta oposição aos ensinamentos do Papa Bento XVI.

Em efeito, respondendo ao extenso discurso inaugural do Pontífice, amplamente elogiado pelos bispos em Aparecida, a teóloga brasileira Cecilia Domezi criticou duramente as palavras do Papa em relação à Evangelização dos nativos americanos.

"Estou totalmente em desacordo com a avaliação do Papa. A evangelização foi uma imposição ambígua, violenta, um choque de culturas que causou um prejuízo total aos indígenas", disse Domezi.

Ameríndia sustenta a hipótese de que a evangelização foi um ato violento e imposto com as armas, rechaçado então e atualmente pelas populações indígenas, uma postura que sustentam poucos estudiosos do tema histórico e antropológico.

Ameríndia apresentou em novembro passado um documento impresso no Uruguai e intitulado "Contribuições para a Aparecida", no que propõe o diaconato para as mulheres, os sacerdotes casados, uma atitude mais tolerante para as "minorias sexuais" (homossexuais, lésbicas e transexuais) e a concentração dos esforços da V Conferência em temas exclusivamente sociais, políticos, econômicos e ecológicos.