Em seu discurso da sessão inaugural da V Conferência Geral, o Papa Bento XVI destacou que "o anúncio de Jesus e de seu Evangelho não supôs, em nenhum momento, uma alienação das culturas pré-colombianas, nem foi uma imposição de uma cultura estranha".

"As autênticas culturas não estão fechadas em si mesmos nem petrificadas em um determinado ponto da história, mas sim estão abertas, mais ainda, procuram o encontro com outras culturas, esperam alcançar a universalidade no encontro e o diálogo com outras formas de vida e com os elementos que possam levar a uma nova síntese em que se respeite sempre a diversidade das expressões e de sua realização cultural concreta", explicou o Santo Padre.

O Pontífice indicou que, para os povos pré-colombianos, a evangelização "significou conhecer e acolher a Cristo, o Deus desconhecido que seus antepassados, sem sabê-lo, procuravam em suas ricas tradições religiosas. Cristo era o Salvador que desejavam silenciosamente".

"Significou também ter recebido, com as águas do batismo, a vida divina que os fez filhos de Deus por adoção; ter recebido, além disso, o Espírito Santo que veio a fecundar suas culturas, as purificando e desenvolvendo os numerosos germens e sementes que o Verbo encarnado tinha posto nelas, as orientando assim pelos caminhos do Evangelho", disse o Papa.

Depois de precisar que "a resposta desejada no coração das culturas é o que lhes dá sua identidade última", o Santo Padre explicou que "a utopia de voltar a dar vida às religiões pré-colombianas, separando as de Cristo e da Igreja universal, não seria um progresso, a não ser um retrocesso. Em realidade seria uma involução para um momento histórico ancorado no passado".

Em seguida, repassou alguns elementos da religiosidade popular dos povos da América Latina, surtos da inculturação do Evangelho: "O amor a Cristo sofredor, o Deus da compaixão, do perdão e da reconciliação; o Deus que nos amou até entregar-se por nós".

"O amor ao Senhor presente na Eucaristia, o Deus encarnado, morto e ressuscitado para ser Pão de Vida; O Deus próximo aos pobres e aos que sofrem"; e a "profunda devoção a Santíssima Virgem de Guadalupe, de Aparecida ou das diversas invocações nacionais e locais", assinalou.

"Esta religiosidade se expressa também na devoção aos Santos com suas festas patronais, no amor ao Papa e a outros Pastores, no amor à Igreja universal como grande família de Deus que nunca pode nem deve deixar sozinhos ou na miséria a seus próprios filhos. Todo isso forma o grande mosaico da religiosidade popular que é o precioso tesouro da Igreja católica na América Latina, e que ela deve proteger, promover e, no que

Fora necessário, também purificar", concluiu esta parte de seu discurso Bento XVI.