BUENOS AIRES, 7 de mai de 2007 às 21:56
Durante sua reflexão semanal no programa "Tópicos para um Mundo Melhor", Dom Héctor Aguer, Arcebispo de La Plata assinalou que o destino da Argentina seria diferente se a Eucaristia movesse os cristãos a atuar com liberdade e energia no âmbito público.
"Pensem -disse o Arcebispo- que diferente seria o destino de nossa pátria e a sorte de seus habitantes se aquelas pessoas que tiverem compromissos relevantes assumidos na vida pública vivessem desse impulso que brota da Eucaristia. Em um país como a Argentina, onde tão pouca gente, tão poucos dos que se consideram católicos vão à missa no domingo, isso seria uma verdadeira revolução".
Ao explicar a Exortação Apostólica "O Sacramento da Caridade," assinalou que o documento do Papa Bento XVI possui palavras precisas e sugestivas "de máxima atualidade para nós, argentinos" como que a certo povo "sente saudades, ou incomoda, que a Igreja, especialmente pela voz de seus pastores, ocupe-se das realidades sociais, faça um julgamento do que acontece na sociedade contemporânea, sempre de uma perspectiva moral e pastoral".
"Talvez isto ocorra porque ainda tem certa vigência aquele velho prejuízo liberal, laicista, de que a Igreja tem que ocupar-se do espiritual, entendendo isto de uma maneira redutiva, deve encerrar-se na sacristia ou dedicar-se somente às 'coisas religiosas', marco isto entre aspas. Quer dizer a Igreja na sacristia e não no mundo, na cidade, a cultura, a vida concreta dos homens".
O Arcebispo platense disse que "essa atitude não corresponde à grande tradição católica e não está de acordo com nossa doutrina social" e que no documento de Bento XVI se destaca "um dinamismo eucarístico da vida cristã… O Santo Padre no Nº 89 desta Exortação diz que a 'união com Cristo que se realiza no sacramento nos capacita também para novos tipos de relações sociais porque a mística do sacramento tem um caráter social".
A respeito, Dom Aguer insistiu que os católicos não podem conformar-se "simplesmente professando a fé, mas sim também a celebramos no culto e aí tomamos força para expressá-la em nossa vida. Há um dinamismo eucarístico de transformação da existência humana e também da comunidade humana. Por isso não tem que chama-nos atenção que a Igreja esteja em primeiro lugar no compromisso pela justiça e pela paz no mundo".
O Arcebispo de La Plata também recordou que o Papa assinala a Igreja "não pode ficar à margem da luta pela justiça, mas sim deve inserir-se nela através da argumentação racional e deve despertar as forças espirituais sem as quais a justiça, que sempre exige renúncias, não pode afirmar-se nem prosperar".
"Uma ação direta da Igreja na ordem temporária, na promoção da justiça e do bem comum é uma tarefa a cargo dos laicos".
"É uma missão especificamente dela. corresponde-lhes, na diversas atividades do mundo, na empresa, na família, nos sindicatos, nas variadas obras de cultura e inclusive no campo político, nas instituições políticas da Nação, lhes corresponde -digo- expressar aquele projeto de Deus em relação ao homem que está claramente articulado em nossa doutrina social e que integra a visão cristã do mundo", concluiu.