O porta-voz da Arquidiocese do México, Pe. Hugo Valdemar Romero, assinalou que as três demandas em seu contrário demonstram o perseguição ao qual é submetido por estar entre os que mais batalharam contra a despenalização do aborto na capital.

“O ter demandas em várias dependências é um fato insólito, mas fica clara a perseguição contra mim: identificaram-me como o que mais batalha lhes dava e agora me pasma as contas”, expressou durante uma entrevista ao jornal Milênio.

O Pe. Valdemar enfrenta uma denúncia ante a Procuradoria Geral de Justiça do Distrito Federal, uma investigação da Secretaria de Governação (SEGOB), além de ter recebido uma preparação do Conselho Nacional para prevenção contra  discriminação, por suas declarações contra a despenalização do aborto no Df.

Depois de indicar que muitas demandas se realizam “em meio de uma campanha mediática”, o sacerdote afirmou que quem o persegue “são o Governo do Df e a Assembléia Legislativa do Distrito Federal”. Do mesmo modo, disse que é “um perseguição desproporcionada de instituições, de pessoas, contra um cidadão que não tem os recursos como o deputado Víctor Hugo Círigo (PRD), que tem seu foro e poder”.

Assinalou que opinar contra o projeto do Partido da Revolução Democrática (PRD) não viola a Lei de Associações Religiosas e Culto Público, porque esta “proibe às Igrejas fazer declarações contra partidos quando são campanhas eleitorais”, e neste caso se tratou de “uma discussão sobre uma proposta de lei. E é obvio a Igreja tem direito a dar sua palavra em uma sociedade que se diz ser democrática”.

SEGOB obedeceu às chantagens do PRD

“Nossa opinião é que a SEGOB obedeceu às pressões e chantagens do PRD e Alternativa”, afirmou o Pe. Valdemar ao referir-se ao “procedimento administrativo” iniciado por esta instituição governamental contra o Arcebispo do México, Cardeal Norberto Rivera, e contra ele mesmo por suposta violação à Lei de Cultos.

O porta-voz da arquidiocese disse que nesse sentido ambos estão tranqüilos porque sabem que em suas declarações cuidaram muito de não transgredir a lei. “Somos respeitosos do Estado laico sem privilégios”, afirmou. Acrescentou que “se a Governação considerar que há responsabilidade, adiante, nós responderemos. Mas extrañamos algunas coisas e nos dói a maneira em que se procedeu”.

Recordou que o Cardeal se referiu ao aborto “em duas ocasiões e em homilias”, sempre “dentro de seu dever profético” e sem intervir abertamente. Afirmou que a campanha negativa contra o Cardeal foi obra do PRD com o fim de que não falasse.

Agora SEGOB diz que “não é processo”

Por sua parte, em breves declarações à imprensa, o Secretário do Gobernación, Francisco Ramírez Cunha, disse que o Arcebispo do México não está submetido a um processo, mas sim “simplesmente houve um requerimento, então, bom, vai se fazer a análise correspondente a ver se houve uma violação ou não” da lei.

Entretanto, o Boletim da SEGOB de 24 de abril assinala que se “determinou iniciar o procedimento administrativo” contra o Cardeal Rivera e o Pe. Valdemar por “supostas infrações” à Lei de Cultos; e que “ao final do processo” a autoridade “ditará a resolução que em justiça proceda”.