A Sala de Imprensa da Santa Sé deu a conhecer nesta quarta-feira a  mensagem que o Papa João Paulo II  enviou o Cardeal Walter Kasper, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, em que exorta novamente a favor da paz mundial aos representantes das grandes religiões do mundo reunidos em Milão, de 5 a 7 de setembro.

O evento, organizado pela Comunidade de Santo Egídio, leva como título “Religiões e Culturas: A coragem de um novo humanismo”, realiza-se com o auspício do Cardeal Dionigi Tettamanzi, Arcebispo de Milão.

Na mensagem, o Santo Padre manifesta sua “alegria” ao saber que a peregrinação de paz começada em Assis em 1986 com o  encontro dos líderes religiosos de todo o mundo “prossiga e cresça em número de participantes” e porque o “espírito de Assis” perdure em reuniões como a celebrada em Milão.

O Papa lembra que no encontro de Milão em 1993 os líderes religiosos lançaram um chamada ao mundo: “Nenhum ódio, nenhum conflito, nenhuma guerra deve encontrar incentivo nas religiões. A guerra não pode estar motivada pelas religiões. Que as palavras das religiões sejam sempre palavras de paz!”.

João Paulo II afirma além disso que ao longo destes anos muitas pessoas se inspiraram neste chamado, mas acrescenta que  “infelizmente brotaram novos conflitos, mais ainda se difundiu uma mentalidade pela qual o conflito entre mundos religiosos e civilização se considera quase como um legado inevitável da história”.

“Não é assim! A paz é sempre possível! -exclama o Papa-. Terá que cooperar sempre para erradicar da cultura e da vida as sementes de amargura e incompreensão, assim como a  vontade de prevalecer sobre o outro, a arrogância do próprio interesse e o desprezo da identidade alheia”.

O conflito nunca é inevitável! E as religiões têm uma tarefa particular na hora de chamar a todos os homens e mulheres a serem conscientes deste fato”.

“Isto é o que chamo ‘espírito de Assis’. Nosso mundo necessita deste espírito”.

“O mundo necessita de paz . Todos os dias nos chegam notícias de violências, de atentados terroristas, de operações militares. O mundo está abandonando possivelmente a esperança de alcançar a paz?”.

João Paulo II pede finalmente a todos que não cedam “à lógica da violência, da vingança e do ódio, mas sim perseverem no diálogo. Faz falta quebrar a corrente mortal que aprisiona e ensangüenta muitas zonas do planeta. Os crentes de  todas as religiões podem fazer muito neste sentido”.