A Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN) expressou seu respaldo ao Cardeal Miguel Obando Bravo, na missão que assumirá como Presidente do Conselho Nacional de Reconciliação e Paz, um órgão autônomo criado pelo Presidente Daniel Ortega para que se cumpram os acordos assinados com os nicaragüenses afetados pela guerra civil dos anos 80.

Em um comunicado difundido ontem à noite, a CEN informou que "compreendemos que esta comissão não implica relação hierárquica de subordinação com o Poder Executivo nem de manejo de recursos públicos ou certidões orçamentais".

"Nós, os bispos, conseqüentes com nosso dever de pastores seguiremos trabalhando pela paz e justiça de nosso povo desde nossas estruturas pastorais, já que a igreja em si mesma é portadora de uma mensagem de reconciliação", acrescentaram e pediram aos cristãos unir-se a suas orações por todos aqueles homens e mulheres de boa vontade que trabalham pela paz e a reconciliação na Nicarágua.

Os bispos destacaram que "por reconciliação entendemos fundamentalmente a conversão do coração do homem a Deus, e no coração de Deus encontramos fraternalmente o próximo". "Em conseqüência, a reconciliação não pode prescindir da busca do bem comum que por sua vez deve fundamentar-se na verdade, justiça, amor e liberdade", afirmaram.

Os bispos reconheceram "a trajetória do senhor Cardeal neste campo e pedimos ao Senhor que o abençoe neste serviço".

O comunicado episcopal foi publicado no final de uma jornada durante a qual receberam o Presidente Ortega e o Cardeal Obando, para conhecer os alcances dos trabalhos que realizará o Conselho Nacional de Reconciliação e Paz.

Por sua parte, o Presidente da CEN e Arcebispo de Manágua, Dom Leopoldo Brenes, declarou à imprensa que "os bispos como embaixadores da reconciliação, trabalhamos e trabalharemos sempre pela reconciliação, pela paz e pela justiça".

"O povo católico deve saber que os bispos estão muito, muito unidos e que tem que recordar que segue vigente o código que diz (que) nenhum eclesiástico pode participar de um partido político", indicou.