ROMA, 21 de mar de 2007 às 21:11
A apresentação do romance de ficção "O Evangelho de Judas" no local do Pontifício Instituto Bíblico (PIB) de Roma com a participação do biblista e sacerdote Francis Moloney. Entretanto, o Reitor deste centro de estudos, o sacerdote jesuíta Stephen Pisano, explicou que nem a Santa Sé, nem o Papa nem o instituto que ele dirige avaliza esta obra de ficção.
"Quero sublinhar que permitir a apresentação deste livro não implica que o PIB mesmo, nem o Vaticano, nem o Papa o tenham aceito de algum modo. Queremos simplesmente gerar um espaço para a discussão acadêmica sobre um aspecto do Novo Testamento, e contamos com o Padre Moloney para guiar essa discussão", explicou o Reitor do PIB.
"O Instituto, assim que instituição acadêmica –prosseguiu– não tem nada a fazer com os romances modernos, a única razão pelo qual aceitamos permitir a apresentação, é a presença do Padre Francis Moloney, um estudioso do Novo Testamento, muito conhecido e grande especialista".
Depois de explicar que o Pe. Francis Moloney tem a capacidade de explicar distintos aspectos da vida de Judas, o Pe. Pisano se diz consciente do "risco que corre o Instituto" ao apresentar o mencionado livro, pois "pode utilizar-se seu nome para a comercialização da obra. Este é um risco que devemos correr". "O livro não estará disponível para ser comprado aqui, porque este aspecto comercial não se contemplou", afirmou.
O presbítero indicou que o interesse do Instituto que dirige "é a Bíblia em si, e se esta discussão alenta às pessoas a ler a Bíblia, a lê-la com inteligência e com espírito de oração, então talvez poderíamos dizer que a apresentação deste livro está justificada".
Finalmente o Pe. Pisano expressou seu temor de que a mescla que se faz na obra de ficção –que não tem relação com a reportagem de mesmo nome que recentemente foi apresentada na National Geographic– de textos bíblicos com textos inventados "possa criar certa confusão no povo por não saber que questão provém da Bíblia e que do autor. Temo sobre tudo que o povo acredite que tudo o que está escrito aqui é parte da história, mas não o é, é uma novela!".
A trama
A novela, escrita pelo britânico Jeffrey Archer, foi lançada em oito idiomas e tem um glossário final que distingue as entrevistas bíblicas autênticas, realizado pelo sacerdote australiano Francis Moloney.
Na obra se narra uma história da perspectiva do fictício filho de Judas, Judas Iscariotes, quem conta que seu pai não se suicidou, mas sim se retirou ao monastério essênio de Qumrán onde, pouco antes de morrer foi crucificado pelas legiões de Tito.
Archer é conhecido por ter passado dois anos no cárcere devido aos falsos testemunhos para ganhar um julgamento por difamação contra o jornal Daily Star.