O Presidente do México, Felipe Calderón, declarou à imprensa que está pessoalmente contra a despenalização do aborto no país mas antecipou que respeitará a decisão final da Assembléia Legislativa do Distrito Federal (ALDF).

A ALDF debate uma reforma legal que poderia aprovar esta prática na capital do país, onde atualmente se permite o aborto em casos excepcionais. A reforma é promovida pelo opositor Partido da Revolução Democrática (PRD), que controla a Assembléia.

Durante uma coletiva de imprensa junto à mandatária chilena Michelle Bachelet, Calderón disse que tem "uma convicção pessoal" sobre o aborto: "Eu estou em defesa da vida, tenho um pleno respeito pela dignidade e a vida humana", indicou.

Entretanto assinalou que "o poder Executivo foi e seguirá sendo respeitoso das instâncias legislativas e muito mais das instâncias legislativas locais, da ALDF".

Calderón pediu mais políticas a favor das mulheres, especialmente para mães solteiras e trabalhadoras, assim como uma educação sexual "mais adequada, mais intensa e mais formativa".

Do mesmo modo, expressou seu desejo de que surja "uma legislação responsável que leve em conta as distintas posturas da sociedade e que não haja um avassalamento, sobre tudo em um tema tão sensível de parte da maioria".

Manifestações pró-vida

Por sua parte, o Comitê Nacional Pró-vida convocou uma manifestação contra o aborto diante da sede da ALDF nesta sexta-feira, 23 de março, e antecipou que se a reforma proceder apresentará um recurso de inconstitucionalidade.

Nos próximos dias se celebrará no México um Congresso Internacional sobre Defesa da Vida que contará com a presença do Cardeal Alfonso López Trujillo, Presidente do Pontifício Conselho para a Família.

Nada os deterá

Neste contexto, o coordenador da facção parlamentar do PRD na ALDF, Víctor Hugo Círigo Vázquez, declarou à imprensa que a presença de "emissários vaticanos" não conseguirá que dêem passo atrás à iniciativa de legalizar o aborto.

Por sua parte, Jorge Schiaffino Isunza coordenador do também opositor Partido Revolucionário Institucional (PRI), assegurou que seu partido assumirá os custos políticos por votar a favor desta lei e assinalou que "à Igreja Católica ninguém há disse para que suba ao ringue, ninguém a convidou para que participe do debate".