O Arcebispo Emérito de Manágua, Cardeal Miguel Obando Bravo, aceitou "a título pessoal"  o convite feito em janeiro passado ao Presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, para presidir o Conselho de Reconciliação e Paz encarregado de cumprir acordos assinados com os nicaragüenses afetados pela guerra civil dos anos 80.

Em conferência de imprensa realizada nesta quarta-feira na sede da Universidade Católica (UNICA) em companhia do mandatário nicaragüense, o Cardeal declarou ter aceito "em meu caráter pessoal, coordenar o Conselho de Reconciliação e Paz, considerando que o trabalho pela paz e a reconciliação não pode esperar" e negou que presidir o Conselho seja uma acusação partidarista ou governamental. "Não se trata de um trabalho partidário, mas sim de um trabalho para a nação, especialmente para aqueles que sofreram as conseqüências dos diferentes conflitos", apontou.

Ante as perguntas dos jornalistas sobre o parecer da Santa Sé sobre o oferecimento presidencial, o Cardeal Obando se limitou a informar que O Papa Bento XVI, com quem se reuniu recentemente, disse-lhe "que trabalhasse pela reconciliação da família nicaragüense". O Santo Padre "quer que trabalhe pela reconciliação, essa é a idéia, que se busque a reconciliação", apontou. No início do mês passado, o Cardeal tinha declarado que "aceitaria (a nomeação) sempre que a Santa Sé aprovasse".

Colaboração do Episcopado

Do mesmo modo, o Ex-arcebispo de Manágua manifestou que iniciou conversações com seus irmãos bispos da Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN), para que eles também colaborem no trabalho da reconciliação nacional.

Por sua parte, o Presidente Ortega informou que se comunicou com o atual Arcebispo de Manágua, Dom Leopoldo Brenes, quem manifestou que a CEN tem toda a disposição de abordar o tema na próxima semana, quando se reúnam, todos os bispos.

Segundo o mandatário, o Prelado se comprometeu a administrar uma reunião em que Ortega explicará os alcances do Conselho de Reconciliação e solicitará a colaboração dos bispos neste organismo que, assegurou, "é autônomo, porque não está subordinado ao Governo". Deste modo informou ter se comunicado com o Núncio Apostólico, Arcebispo Jean Paul Goebels, para informar dos acontecimentos ao redor da disposição do Cardeal Obando de seguir trabalhando pela reconciliação e a paz na Nicarágua, esta vez desde o Conselho.