O Arcebispo de Buenos Aires e Primaz da Argentina, Cardeal Jorge Mario Bergoglio, chamou a abrir “nossos corações de par em par” para deixar-se “reconciliar com nosso Pai Deus” durante a Missa solene que celebrou ontem à noite no campus da Universidade Nacional do Nordeste, no marco do X Congresso Eucarístico Nacional.

Durante a celebração, o Cardeal argentino exortou a que “cada um abra seu coração, olhando à Virgem, sentindo a presença de Jesus na Eucaristia que, silenciosamente, acompanha a humanidade há dois mil anos”.

Também “abramos o coração de nossa família, cada um da sua, sentindo pulsar o coração de seus pais e irmãos, o dos maridos e dos jovens,  das crianças e o dos avós. Abramos o coração como povo fiel de Deus que peregrina na Argentina sob o manto da Virgem, de Maria do Itatí”, adicionou o Arcebispo.

Em um tom  de diálogo com o povo argentino, o Cardeal Bergoglio  disse que “está empobrecido, parte de sua herança foi esbanjada e parte roubada. É verdade. Mas fica o mais valioso: o rescaldo de sua dignidade sempre intacta e a pequena chama de sua esperança, que se acende de novo cada dia. Fica essa reserva espiritual que herdou”.

“Ao ir atrás deuses falsos –continuou-, foi convertendo este chão bendito em uma terra  estrangeira. E hoje parece que se esgotou seu horizonte, que encolheu-se a esperança. Mas não é assim. Se levantar o olhar, se recordar, se pega a volta e se converte de coração, a mesma terra que pisa  irá se transformando novamente na Casa do Pai”.

“É hora de  animar-se a compartilhar com seu irmão o pão dos filhos!  Deixe-se reconciliar com Deus, contigo mesmo e com seu irmão!”, exclamou o Cardeal; ao explicar que “a Eucaristia é o pão de reconciliação que vai parar no profundo do coração de cada um. E reconcilia e alimenta esse lugar interior onde a pessoa é ela mesma e mais que ela mesma, porque é morada de Deus, onde cada coração é o coração de toda sua família e de seu povo inteiro”.

“Bastam uns poucos corações assim, que se deixem reconciliar a fundo, para que a reconciliação se contagie a todo um povo”.

“Povo pródigo e rebelde; povo que sofreu em mãos de salteadores; povo com uma forte reserva espiritual, deixe-se reconciliar com Deus!”, afirmou mais adiante, e concluiu encomendando “esta reconciliação que transfigura o coração das pessoas e dos povos” a Maria de Itatí. “Ela lhes convida, povo da pátria:  deixem-se reconciliar com Deus!”, concluiu.