O Departamento de Imprensa da Conferência Episcopal Mexicana (CEM) expressou seu rechaço a que sejam as autoridades civis quem decidam se inabilita ou não a algum religioso acusado de abuso sexual infantil, porque, recordou, isso é potestade das autoridades eclesiásticas; sem que isso signifique que os infratores não devam responder por seus atos ante a sociedade.

Através de um comunicado, o Departamento de Imprensa se referiu às reformas dos códigos Penal Federal e de Procedimentos Penais aprovadas pelo Senado. O texto advertiu que em matéria de exploração sexual infantil, a nova legislação entra em conflito com a Lei de Associações Religiosas e Culto Público, que " proíbe expressamente a intervenção das autoridades nos assuntos internos das associações religiosas, como nomear ou inabilitar aos ministros de culto".

O comunicado destacou que é importante defender as crianças mexicanas, principalmente àquelas vítimas de atropelos, exploração e corrupção, como "as redes sombrias da prostituição infantil, da pornografia e da execrável pederastia".

Do mesmo modo, acrescentou que quando os que cometem estes delitos são ministros de culto, eles, "como toda pessoa, estão obrigados a responder por seus atos ante a sociedade e ante as autoridades", já que sua condição de religiosos " não outorga foro ou privilégio algum", e estão "sujeitos à legislação civil ou penal, local ou federal, conforme corresponda".

Entretanto, indicou, "seu caráter religioso e o exercício de seu ministério é uma questão que fica em mãos da instituição religiosa a que pertence", e corresponde a esta "resolver a inabilitação, retiro ou afastamento do ministério que desempenha".

"No caso da Igreja Católica, de acordo às leis eclesiásticas, ao comprovar-se que um religioso incorreu em algum delito, e concretamente no caso da pederastia, é suspenso imediatamente, iniciando o processo interno, até culminar com a suspensão definitiva de seu ministério", afirmou.

O comunicado expressou que é importante que as leis não tenham "furos nem enganos" para poder caminhar "com passos firmes para uma sociedade mais justa". Nesse sentido, afirmou que sempre "serão bem recebidas as medidas legais" que sancionem "as gravíssimas ofensas à dignidade das crianças", já que "se trata de autênticos delitos contra a humanidade, que, como tais, devem ser reconhecidos e castigados".