O Governo indiano determinou colocar berços em todos os distritos do país para que os pais possam abandonar nelas a seus recém-nascidas quando não quiserem criá-las, para assim reduzir os dois milhões e meio de assassinatos de crianças que se registram no país cada ano.

"Não me importa se a medida pode incentivar o abandono das crianças. Em qualquer caso é melhor isso que matá-las. Queremos pôr berços em todos os distritos. O que dizemos às pessoas é que tenha a seus filhos e não os mate. Se não quiserem a suas meninas, que nos dêem", indicou a Ministra da Mulher e do Desenvolvimento infantil, Renuja Chowdhury, em declarações à agência indiana PTI.

A funcionária assinalou que os assassinatos causam cada ano o desaparecimento de dois milhões e meio de meninas, sobre tudo nas áreas mais desenvolvidas e melhor alfabetizadas do país, o que gera uma verdadeira crise nacional. "É um problema internacional e uma vergonha nacional que com um crescimento de nove por cento este país siga matando a suas filhas", anotou.

Por sua parte, a diretora do Centro para a Investigação Social, Ranjana Kumari, reclamou um "forte movimento da sociedade civil para trocar a mentalidade da gente" e assegurou que a solução do problema passa por que "as meninas deixem de ser uma carga para as famílias"."É um problema social porque a legislação vigente é muito difícil de cumprir, já que ninguém se queixa e as mortes destas meninas têm o consentimento de seus pais", adicionou.

Para muitos pais o infanticídio ou deixar morrer a suas filhas é preferível a pagar uma série de bens à família do noivo no momento de pactuar o matrimônio, um costume que se conserva na Índia, um país onde o filho varão perpetua a linhagem, herda a propriedade e cuida de seus pais na velhice, ao contrário que a mulher.