Ao analisar a situação espanhola e européia atual durante as Jornadas Sacerdotais de Estudo e Reflexão com motivo do I Centenário do Seminário de Madri, o Cardeal Antonio María Rouco, afirmou que o relativismo, o agnosticismo e o laicismo conduziram a uma crise da concepção do homem e do matrimônio e a família, “a mais forte de toda a história da Europa”.

Em sua conferência “Ser e missão do sacerdote na Espanha em 2007", o Arcebispo de Madri afirmou que esta crise leva a outra de tipo demográfico, porque “se falha o matrimônio falha a família e fica em risco a existência física de um povo”.

Ao abordar a realidade da Europa, o Cardeal sublinhou a existência de um sério problema de oposição entre fé e razão que faz que “os europeus se declarem massivamente agnósticos e vivam como tais".

Democracia ameaçada

Assim, continuou, “só interessa o que serve para obter poder", e tem lugar a “ditadura do relativismo”, em que "defende-se o que não há verdade". Isto produz uma "crise da ordem social e da ordem jurídica" que afeta “aos princípios fundamentais da existência da pessoa”.

Este relativismo, acrescentou, “termina por ver quem tem mais força” e “ameaça à existência da democracia”. “O Estado de direito não vive de regras nem de votações mas sim de supostos básicos”, esclareceu. E é que, para que os processos eleitorais tenham sentido, têm que estar fundados no bem comum. “Se este passo não se respeitar, afunda-se”, alertou.

A respeito, criticou que na atualidade “teóricos que dêem uma maioria pode trocar o direito à vida”, o que supõe “uma arrogância em que seja o poder quem define quando um ser humano é ser humano”.