BUENOS AIRES, 6 de fev de 2007 às 14:46
O Arcebispo de
Em entrevista com o jornalista Sebastián Lalaurette do jornal
“Introduz-se o conceito de formação integral, mas não se mencionam as dimensões que a integram, como a espiritual. Como exercerão os pais que enviam seus filhos a uma escola estatal por direito, que a lei reconhece, de escolher uma educação que responda a suas convicções? Não se reconhece a dimensão religiosa do ser humano: essa é uma das carências da lei”, indicou o Arcebispo de
Dom Aguer também denunciou que o texto propõe ensinar a crianças de sete anos “que não há um modelo de família, mas sim muitos modelos, todos válidos”. “Há uma mudança cultural marcada por um forte secularismo, onde selecionam o que agrada e convém do ensino da Igreja e descartam aquelas posições que contrastam com este modo de organizar as coisas como se Deus não existisse”, assinalou.
Na extensa entrevista, o Prelado advertiu que em muitos estabelecimentos do Estado “há um sentimento hostil para o cristianismo e para a Igreja”, pois se reconhece seu papel em momentos de emergência social, “mas não querem reconhecer sua concepção da dignidade e transcendência da pessoa”, já que quando “defende a vida desde a concepção, ou o matrimônio como uma realidade apoiada na ordem natural, a consideram obscura ou fora de época”.
Dom Aguer também advertiu a decadência da educação argentina que gerou, entre outras coisas, o aumento do analfabetismo e a pobreza cultural. “Há 50 anos não existiam analfabetos na Argentina, e não se podia falar de analfabetismo funcional, como acontece hoje. Algo aconteceu e impediu não só a transmissão de conhecimentos, mas também de valores”, manifestou.
Com respeito “à construção da memória histórica sobre em recente passado” que propõe o projeto, o Prelado expressou seu desejo de que “não se trate da imposição de uma história oficial, ou da substituição da história pela ideologia”.
Nesse sentido, o Arcebispo explicou que “a superação dos fatos negativos do passado deve fazer-se com muita generosidade e lucidez, e sobre tudo esperança de um futuro melhor”, pois “um país não pode viver continuamente em autocrítica” e olhando “permanentemente para o passado”.