Com ocasião do décimo aniversário do primeiro cessar fogo do Exército Republicano Irlandês (IRA), o Arcebispo de Armagh e Primaz da Igreja na Irlanda, Dom Sean Brady, pediu aos diferentes partidos que negociam o status político da Irlanda do Norte "correr riscos" para preservar a paz.

Uma "cultura da paz" está se desenvolvendo na Irlanda, assinalou Dom Brady, em um comunicado. "É o momento para todos os partidos de correr riscos", assinalou o Arcebispo, enquanto se espera o reinicio das negociações sobre a Irlanda do Norte entre  16 e 18 de setembro, sob o auspício do Primeiro-ministro britânico Tony Blair e seu homólogo irlandês Bertie Ahern.

O Ministro dos Assuntos Exteriores irlandês, Brian Cowen, e o Ministro britânico na Irlanda do Norte, Paul Murphy, estabelecerão negociações preliminares nesta quarta-feira, 1 de setembro, em Belfast com os diferentes partidos norirlandeses.

Londres e Dublin esperam que estas negociações permitam desbloquear o processo de paz, que está em ponto morto desde outubro de 2002, quando surgiram acusações de espionagem do IRA no seio das instituições semiautônomas do norte da Irlanda.

"Há razões para celebrar este aniversário", do primeiro alto o fogo do IRA, disse Dom Brady, anunciando que ia a "celebrar a confirmação de crianças na Irlanda do Norte, que pela primeira vez após muitas gerações não conheceram cotidianamente os assassinatos, os atentados com bomba, os enterros e as armas".

"Isto nos deve incitar a fazer progressos suplementares durante nos próximos meses e anos", continuou o Arcebispo Primaz.

Em 31 de agosto de 1994, o IRA -principal grupo paramilitar católico na Irlanda do Norte-, anunciou o afastamento de ações terroristas, depois de 30 anos de conflito contra a ocupação britânica. As hostilidades  retomaram 18 meses depois com um atentado que causou dois mortos em Londres.