Na mensagem para a Jornada Mundial para as Comunicações Sociais publicado hoje, festividade de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas, o Papa Bento XVI faz um enérgico chamado para que os meios contribuam à formação e não a corrupção das crianças.

Na mensagem para a jornada que se celebrará em 20 de maio de 2007, sobre o tema: “As crianças e os meios de comunicação social: uma provocação para a educação”, o Pontífice assinala que o tema “nos convida a refletir sobre dois aspectos de suma importância. Nós somos a formação das crianças. O segundo, possivelmente menos óbvio mas não menos importante, é a formação dos próprios meios”.

“Os complexos desafios que se enfrenta a educação atual estão fortemente relacionados com o influxo penetrante destes meios em nosso mundo”, precisou o Santo Padre.

“De fato –segue o Papa–, alguns afirmam que a influência formativa dos meios se contrapõe a da escola, da Igreja e inclusive a do lar. Para muitas pessoas a realidade corresponde ao que os meios de comunicação definem como tal".

"A relação entre as crianças, os meios de comunicação e a educação pode ser considerada desde duas perspectivas: a formação das crianças por parte dos meios e a formação das crianças para responder adequadamente aos meios”.

“Neste contexto, a formação no reto uso dos meios é essencial para o desenvolvimento cultural, moral e espiritual das crianças”, segue o Papa.

“Educar as crianças para que façam um bom uso dos meios é responsabilidade dos pais, da Igreja e da escola. O papel dos pais é de vital importância. Estes têm o direito e o dever de assegurar um uso prudente dos meios educando a consciência de seus filhos, para que sejam capazes de expressar juízos serenos e objetivos que depois lhes guiem na eleição ou rechaço dos programas propostos”, assinala o Pontífice.

“Para levar a isso adiante, os pais deveriam contar com o estímulo e ajuda das escolas e paróquias, assegurando assim que este aspecto da paternidade, difícil, mas gratificante, seja apoiado por toda a comunidade”, adiciona o Papa.

A educação para os meios deveria ser positiva. Quando se coloca as crianças diante do que é estética e moralmente excelente os ajuda a desenvolver a apreciação, a prudência e a capacidade de discernimento. Neste ponto, é importante reconhecer o valor fundamental do exemplo dos pais e o benefício de introduzir aos jovens nos clássicos da literatura infantil, as belas artes e a música seleta. Embora a literatura popular sempre tenha um lugar próprio na cultura, não deveria ser aceita passivamente a tentação ao sensacionalismo nos lugares de ensino".

O dever dos meios

O Papa Bento assinala também em sua carta que “embora muitos operadores dos meios desejem fazer o que é justo, devemos reconhecer que os comunicadores enfrentam com freqüência a pressões psicológicas e especiais dilemas éticos, de modo que às vezes a competência comercial que leva a baixar seu nível”.

“Toda tendência a produzir programas –incluídos filmes de animação e vídeo jogos– que exaltam a violência e refletem comportamentos anti-sociais ou que, em nome do entretenimento, trivializam a sexualidade humana, são uma perversão; e muito mais quando se trata de programas dirigidos a crianças e adolescentes”.

“Como se poderia explicar este ‘entretenimento’ aos inumeráveis jovens inocentes que são vítimas realmente da violência, a exploração e o abuso?”, pergunta o Papa.

Por isso “exorto novamente aos responsáveis pela indústria destes meios para que formem e motivem os produtores a proteger o bem comum, a preservar a verdade, a proteger a dignidade humana individual e a promover o respeito pelas necessidades da família”.

"A Igreja mesma, à luz da mensagem de salvação que lhe confiou, é também mestra em humanidade aproveita a oportunidade para oferecer ajuda aos pais, educadores, comunicadores e jovens”.

“As paróquias e os programas escolar, hoje em dia, deveriam estar à vanguarda no que diz respeito à educação nos meios de comunicação social”, conclui o Papa.