Na terceira carta que envia à Diocese de São Cristóvão das Casas em 14 meses, a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos pediu a correção de um controvertido ponto do plano pastoral da diocese Chapaneca, um ponto que seu Bispo, Dom Felipe Arizmendi Esquivel, assinala já ter corrigido.

A carta assinada pelo Cardeal Francis Arinze, Prefeito do Dicastério e datada de 26 de setembro de 2006, publicada nesta semana no boletim oficial “Notitiae” da Congregação e anunciada pela agência NOTIMEX.

Na carta, o Cardeal Arinze assinala ao Bispo Arizmendi que “a redação feita em 25 de julho de 2004 do N 58 do 'Plano Diocesano Pastoral' sobre a Ordenação presbiteral de diáconos indígenas casados, que a Congregação para a Doutrina da Fé considera inadmissível, exigindo uma nova redação. Por tal razão o chamado N 58 que literalmente diz 'escutar com atenção e discernir a solicitude de algumas comunidades para que diáconos indígenas casados possam ser admitidos à ordenação sacerdotal, prévia formação conveniente, dispostos a assumir a decisão da Santa Sé "fica suprimido”, diz a carta.

O texto do Cardeal Arinze a Dom Arizmendi adiciona ainda que “se tem que realizar, portanto uma nova redação conforme com decisão na última Reunião Interdicasterial de 1 de outubro de 2005”.

A carta adiciona em seguida que “o 'Diretório para o diaconato permanente', que a Congregação para a Doutrina da fé encontra também contendo graves ambigüidades doutrinais e pastorais”.

"Por esta razão -segue a carta- até que não seja novamente redigida, segundo os critérios da Santa Sé e submetido à revisão da Congregação para a Doutrina da Fé, fica suspenso e sem possibilidade de aplicação na Diocese”.

O documento do Dicastério conclui destacando que nem o N 58 do Plano Pastoral, nem o Diretório diocesano para o diaconato permanente têm vigência e “não podem ser utilizados até que não sejam aprovados pela Santa Sé”.

Responde Dom Arizmendi

Por sua parte, Dom Felipe Arizmendi respondeu, em uma entrevista concedida ao jornal “La Jornada”, que “há mais de um ano fizemos a correção do número 58 de nosso plano, para evitar interpretações que não estavam em nossa mente, (porque) nunca impulsionamos o sacerdócio de homens casados”.

Em São Cristóvão das Casas estão em plena comunhão com o Papa e seus colaboradores, dispostos sempre a obedecer, mas com a obrigação de dialogar e clarificar o conveniente, e assim evitar interpretações que não correspondem a nossa realidade”, adicionou.

Segundo o Prelado, ele está “convencido da bondade do celibato para o sacerdócio na Igreja latina, mas não podemos deixar de escutar as vozes que se ouvem em sentido contrário, não só entre nós, mas também na igreja universal”.

Dom Arizmendi assinalou que “no Sínodo de Bispos de todo o mundo, efetuado em Roma no fim de 2005, vários bispos pediram que se examinasse esse assunto, embora a maioria opinou que tudo devia seguir igual”.

“Não se proibiu falar sobre o tema, mas a decisão foi que se continuasse exigindo o celibato a quem seja chamado o sacerdócio, e eu estou plenamente de acordo com isso”, concluiu.