O Arcebispo de Cochabamba, Dom Tito Solari, fez ontem à noite um dramático chamado a orar pela paz na região, logo que dias de enfrentamentos entre simpatizantes do Governo e do Prefeito local deixassem mais de cem feridos e dois mortos.

"Já não vejo que haja espaços para cooperar ou ajudar no diálogo. Estamos em plena guerra. O que peço a todos, pelo amor de Deus, é que nos acompanhem com a oração, Acompanhem-nos com sentimentos cristãos, procurando a vida, a liberdade; um ambiente e um clima de entendimento e de diálogo", disse o Prelado através do telefone.

Dom Solari, que desde que começaram os choques não deixou de chamar ao diálogo, manifestou que "em Cochabamba estamos vivendo um dia de profunda dor", e expressou sua proximidade às famílias sofredoras e todos os que vivem o drama da violência, que ofende a dignidade e a nobreza dos filhos de Deus".

"A violência sempre gera mais violência. Começamos hoje um dia de violência e sentimos que isto é o começo de um drama muito maior se não houver soluções prontas de parte de quem tem responsabilidades...Por favor nos acompanhem nesta oração", assinalou.

Previamente, em uma conferência de prensa realizada ao meio dia, o Prelado pediu às autoridades procurar "encontrar caminhos que nos devolvam a paz, sem intransigências, procurando uma solução pacífica para o bem comum".

Os choques se iniciaram na segunda-feira entre o pessoal do Prefeito Manfred Reyes Villa (opositor ao Governo) e adeptos a Evo Morais, que há dias exigem a renúncia da autoridade local por ter pedido autonomia para Cochabamba. A imprensa informou que ambos os bandos levavam paus, armas brancas e até de fogo.

De La Paz, Reyes, que se encontrava reunido com outros prefeitos que também procuram autonomia para suas regiões, responsabilizou a Evo Morais dos incidentes e lhe exigiu evitar maior derramamento de sangue.Por sua parte, o Ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, garantiu a Reyes que permaneceria no cargo de prefeito em troca de deixar de solicitar autonomia para Cochabamba.

Do mesmo modo, o Presidente Morais ordenou o ingresso do exército à cidade para apoiar à polícia, logo depois de ter criticado à autoridade departamental de não cumprir garantindo a segurança e a ordem.