O colunista do jornal italiano L'Avvenire e perito em realidade polonesa, Luigi Geninazzi, afirmou que se deve “vigiar com muita atenção as acusações” que se formulam contra o clero, ao comentar o caso de Dom Stanislaw Wielgus quem renunciou recentemente ao cargo de Arcebispo de Varsóvia, por suas passadas conexões com a antiga polícia secreta do regime comunista.

Em entrevista concedida a Rádio Vaticano, o jornalista italiano explicou que o processo de “verificação do passado, conduzido a partir dos arquivos dos serviços segredos comunistas, foi iniciado pelo governo conservador e estava pensado para limpar a administração pública de tantos personagens ainda ligados ao velho mundo”.

“E devemos constatar que –e aqui está o efeito paradoxal, o efeito bumerangue– não se têm notícias de grandes personalidades ligadas ao mundo comunista, que tenham sido vítimas de um ataque mediático ou depurados de seus postos, como sim aconteceu com algumas personalidades do sindicato Solidariedade e, sobre tudo com algumas personalidades eclesiásticas, com grande ressonância sobre a mídia obviamente”.

Continuando, Geninazzi disse que durante sua viagem a Polônia, o Papa Bento XVI deu “um critério guia, muito claro, destacando a necessidade de vigiar com muita atenção as acusações que se formulavam, porque obviamente os dossiês dos serviços segredos comunistas não são infalíveis, e podem estar também contaminados”.

Geninazzi comentou que a situação gerada ao redor de Dom Wielgus devia concluir com sua renúncia, não por que “seja uma pessoa indigna”, pois é “uma pessoa de grandes qualidades e um pastor amado por seus fiéis, mas passou os limites, colaborando com um regime ateu e anticristiano, contrário ao que pedia a seu clero o então Cardeal Wyszynsky”.

Seguidamente, ao comentar as palavras de João Paulo II quem nos anos 90 pediu à Igreja na Polônia “ser sempre a Igreja querida pelo Cardeal Wyszynsky”, o colunista italiano recordou que o querido Servo de Deus se referia com estas palavras a que “a Igreja polonesa da segunda metade do século XX” devia ser “uma Igreja a que todo o povo, não só os crentes, pudessem ter como ponto de referência e como fonte de inspiração para a resistência moral, para a vida cotidiana e sua dignidade”.