O Secretário de Estado Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, referiu-se à ordenação de um bispo chinês sem a autorização da Santa Sé e considerou que se trata de um "acidente de percurso" que não favorece as relações com a China.

Conforme informou a agência italiana Ansa, o Cardeal Bertone considera que as conversações informais entre o Vaticano e China "prosseguem, mas o caminho para chegar às relações diplomáticas não está tão próximo" e a polêmica ordenação é "um ato que freia e não favorece boas relações".

Ontem a Sala de Imprensa da Santa Sé publicou um comunicado segundo o qual, o Papa Bento XVI recebeu com "profunda dor" a notícia da ordenação episcopal do sacerdote chinês Juan Wang Renlei sem mandato pontifício.

Na quinta-feira 30 de novembro último, o sacerdote de 36 anos de idade foi consagrado bispo da diocese do Xuzhou, província de Jiangsu, na China continental, sob as pressões do Escritório de Assuntos Religiosos e da Associação Patriótica (AP) que obedece as diretivas do governo comunista chinês e desconhece a autoridade da Santa Sé.

"O Santo Padre soube da notícia com profunda dor, dado que a referida ordenação episcopal foi conferida sem o mandato pontifício, quer dizer, sem respeitar a disciplina da Igreja Católica sobre o nomeação de bispos", diz o texto do comunicado.

Wang Renlei é o terceiro bispo consagrado neste ano sem a aprovação da Santa Sé. Em abril passado, Pequim aprovou a ordenação do Joseph Ma Yinglin como bispo do Yunnan e em maio a de Liu Xinhong como bispo de Anhui, decisões ambas consideradas pelo Vaticano "ilegítimas" e "uma grave violação à liberdade religiosa".