O Cardeal Tarcisio Bertone, Secretário de Estado Vaticano, afirmou que a Doutrina Social da Igreja (DSI) pode "fazer-se portadora de um valor sapiencial com o que enriquecer as várias atividades de pesquisa e formação das universidades católicas", em uma mensagem dirigida ao Cardeal Renato Martino, Presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz, por motivo do encerramento da Conferência Internacional intitulada "Universidade e Doutrina Social da Igreja".

Na mensagem de encerramento do evento, promovido também pela Congregação para a Educação Católica, o Cardeal, em nome do Papa Bento XVI, explicou que a Doutrina Social da Igreja está "estruturalmente ligada ao diálogo interdisciplinar, porque entre as disciplinas em que se funda se encontram por uma parte a teologia e a filosofia e por outra as ciências humanas e sociais" e que por isso "pode contribuir a formar um marco de orientação de fundo das diversas disciplinas, favorecendo a colaboração no respeito da especificidade de cada uma".

"Os temas abordados nesta conferência são de grande relevo e atualidade, porque vão destinadas a dar forma e substância ao diálogo entre Evangelho e cultura. Como é bem conhecido, uma das características sobressalentes da cultura de hoje, sobre tudo da acadêmica, é a pesquisa avançada, e a especialização", prosseguiu.

"A individualização –continua a carta– por parte de cada âmbito disciplinar de um pequeno setor é acima de tudo, a falta de um verdadeiro diálogo entre os estudiosos dos diversos âmbitos do conhecimento e da investigação, que podem levar a estudioso a uma espécie de perda".

O Magistério da Igreja não se cansa de ressaltar que "o homem é capaz de alcançar uma visão unitária e orgânica do saber. Também a doutrina social da Igreja se sente interpelada por este dever", expressa o documento.

"Nesta perspectiva, torna-se rica a mensagem proposta por Sua Santidade Bento XVI na Encíclica Deus caritas est: Sem dúvida, a natureza específica da fé é a relação com o Deus vivo, um encontro que nos abre novos horizontes muito mais à frente do âmbito próprio da razão. Mas, ao mesmo tempo, é uma força purificadora para a razão mesma. A partir da perspectiva de Deus, a liberta de sua cegueira e a ajuda assim a ser melhor ela mesma. A fé permite à razão desempenhar do melhor modo seu encargo e ver mais claramente o que lhe é próprio", finaliza.