O Arcebispo de Madri, Cardeal Antonio Maria Rouco Varela, afirmou hoje durante sua homilia na Missa da festividade da Virgem de Almudena que "o que está ocorrendo com o tratamento, verdadeiramente desalmado, do direito à vida do não nascido, inclusive nos últimos meses do gravidez da mãe, quer dizer, com a prática dos abortos tardios, clama ao céu".

Do mesmo modo, o Cardeal afirmou que "a Madri de hoje" precisa assentar de novo os fundamentos éticos da vida em comum sobre "os princípios da dignidade inviolável da pessoa humana, criada e redimida por Cristo, de seus direitos fundamentais e dos do verdadeiro matrimônio e da família, atendendo sempre às exigências solidárias do bem comum".

Do mesmo modo, o Cardeal manifestou em sua homilia que "a memória histórica de Almudena nos leva a recordar" um "dado fundamental para entender a história de Madri no segundo milênio: Madri foi em todo este tempo uma comunidade humana fiel". "Suas famílias, a prática totalidade de seus habitantes, acreditaram e acreditavam em Deus", asseverou.

A Missa solene em honra da Virgem de Almudena foi acompanhada por mais dez mil madrilenos que lotaram o Praça Maior. Foi concelebrada pelos bispos auxiliares de Madri, pelo Núncio na Espanha, pelo Bispo de Getafe e pelo Bispo de Alcalá do Henares, entre outros.

À celebração assistiram deste modo diversas autoridades civis e políticas, entre elas a presidenta da Comunidade, Esperança Aguirre; vários conselheiros do Executivo autonômico; o Prefeito de Madri, Alberto Ruiz-Gallardón, entre outros.

A imagem da Virgem de Almudena, que presidiu o altar em frente ao edifício da Junta de Distrito, saiu às dez e vinte da manhã da catedral e foi levada em procissão pelas ruas do centro de Madri até chegar à Praça Maior, onde foi recebida pelos aplausos dos milhares de madrilenos que assistiam à cerimônia.

Prefeito renova o voto de Madri

Por sua vez, o Prefeito madrileno, Alberto Ruiz-Gallardón, acompanhado por sua esposa, Mar Utrera, renovou o Voto da Vila de Madri à Virgem de Almudena, uma tradição que se remonta às inundações de setembro do ano 1648, quando os membros do Câmara de vereadores Municipal fizeram o voto de assistir à festa de Almudena "perpetuamente para sempre".

Ruiz-Gallardón se dirigiu a Nossa Senhora de Almudena para "fazer voto solene de converter" a cidade "em casa de paz, de bem-estar e de alegria", e acrescentou que Madri se sabe acompanhada pela Virgem no caminho de converter-se em "um espaço socialmente mais justo e humano, sem que ninguém seja marginalizado por suas crenças, por suas carências materiais ou pelas preciosas diferenças".

O Prefeito também recordou as palavras do Papa Bento XVI quando afirma que em dias de relativismo não podemos reduzir o valor da liberdade do homem, "nem sucumbir a quem reclama uma visão única do mundo". "Confiamos em que a Virgem nos ensine o dom do respeito e o dever da tolerância mediante a disposição aprazível e amadurecida de nossos semelhantes, de todas as raças, de todas as línguas, de todos os credos, idéias e formas de viver", sentenciou.

Procissão pelas ruas de Madri

Depois da celebração da Eucaristia, que finalizou por volta do meio-dia, iniciou-se a procissão com a imagem de Nossa Senhora da Almudena da praça Maior e percorreu as ruas do Sal, Postas, Esparteros, Maior, Milaneses, Santiago, Praça de Ramales, Requena e Bailén, para chegar finalmente à esplanada da Almudena.

O passo da procissão foi acompanhado com respeito pelos milhares de madrilenos que se concentraram tanto no Praça Maior como nas ruas do bairro histórico de Madri pelas quais desfilou o cortejo processional.