O Bispo da Asidonia-Jerez, Dom Juan del Rio, afirmou ontem que a expressão "direito a morrer dignamente" está sendo usada pelos "apologistas da eutanásia até conseguir poluir a linguagem coloquial e inclusive a jornalística".

Do mesmo modo, em um artigo da Europa Press, o Prelado manifestou que "trata-se de uma perfídia pois implica, por eliminação, que aquelas pessoas que decidem suportar a dor ou os impedimentos físicos morrem indignamente".

Neste sentido, acrescentou que "podemos responder invocando a sensatez", já que a medicina paliativa "nos informa que as súplicas dos doentes para terminar com sua vida são quase sempre pedidos angustiados e assistência e afeto, indicam simplesmente necessidade de ajuda humana".

Assim, manifestou que se substitui o medo pela segurança, o abandono pela companhia, a dor por seu alívio, a mentira pela esperança, o controle de sintomas, se ajudar o doente a resolver seus problemas com Deus, consigo mesmo e com outros, "é praticamente certo que esquecerá a eutanásia". portanto, para o bispo, "procurar a morte de um doente terminal, por respeito a sua liberdade é, na maioria dos casos, responder com morte a um grito de pedido de ajuda para continuar vivendo".

Além disso, Dom Del Rio recordou que "Sanz Ortiz diz que a medicina paliativa é o complemento da medicina curativa e constitui a atmosfera ou ambiente que deve emoldurar qualquer atividade de saúde", assim como que "o verdadeiro fracasso é ter que admitir a eutanásia como solução alternativa ao alívio dos sintomas e à comunicação, já que o fracasso se produz quando nos propomos a tirar a vida de um doente porque não sabemos como melhorar seus sintomas nem como modificar as circunstâncias pessoais nas quais está vivendo".

Para o bispo, "é uma pena esbanjar esforços de responsáveis sanitários ou legislativos em procurar justificações a uma prática indigna, desumana e imoral como a eutanásia", por isso "seria melhor represá-los a animar os profissionais a desempenhar humanamente sua missão: solidariedade com os que vão morrer, comunicando-se com eles, aliviando seus sintomas e apoiando-os emocionalmente".

Finalmente, manifestou que "todos podemos dizer que desejamos morrer dignamente e também desejamos viver dignamente", por isso "tendo em conta que a morte é parte da vida, acreditamos que o mais correto é viver dignamente o momento da morte".

"A quem diz que desejam a eutanásia para si, devemos mas bem lhes ajudar a viver dignamente, dentro de sua imensa dor", afirmou o Prelado, que diante da pergunta de se "não poderíamos trabalhar cada um de nós mais por lhes tornar a vida mais amável, sobre tudo aos familiares", afirmou que "o carinho, a paciência, o serviço, os detalhes pequenos e com um sem fim de gestos que falam de que o amor é mais forte que a morte e que a verdadeira compaixão nos faz solidários com a dor dos demais". "Assim se desvanecerá de nosso horizonte a idéia de eliminar a pessoa cujo sofrimento não podemos suportar", concluiu.