A plataforma científica HayAlternativas.org denunciou que a decisão do Ministério da Saúde de permitir a criação de bebês geneticamente selecionados para curar um irmão, instrumentaliza o embrião porque o converte em objeto de descarte e viola sua dignidade humana.

A entidade sanitária aprovou recentemente oito de 24 casos apresentados pela Comissão Nacional de Reprodução Assistida para aplicar as técnicas de diagnóstico pré-implantacional com o fim de criar "bebês medicamento". Os outras 16 solicitações não foram aceitas porque não apresentaram informação suficiente.

A porta-voz do HayAlternativas.org, Gádor Joya, advertiu que com a aprovação destas solicitações "abre-se a porta à seleção genética, técnica que implica o descarte de embriões não viáveis passando por cima de sua dignidade intrínseca de seres humanos".

Recordou que o dever do Ministério da Saúde é "procurar a busca de alternativas terapêuticas que sejam de acordo com a dignidade humana", e não fomentar "o desenvolvimento de técnicas que primam os direitos de um ser humano sobre outro".

Jóya afirmou que não só se cometeu uma injustiça contra seres humanos em idade embrionária, "desprezados pelo fato de poder desenvolver uma doença", mas sim "está-se jogando com os sentimentos de alguns pais" e se oculta à sociedade "a triste realidade de muitos seres humanos que acabarão na geladeira, no laboratório ou no cubo de descarte".

Além disso, indicou, a criação de bebês medicamento é "uma técnica complexa e cara tanto econômica quanto emocionalmente, e com um elevado risco de acabar em fracasso".