A Secretária da Província Eclesiástica de Madri e membro do Conselho Escolar de Estado, María Rosa de la Cierva, considerou "lamentável" que o Ministério da Educação e Ciência (MEC) tenha financiado a edição do primeiro libro em castelhano para muçulmanos intitulado "Descobrir o Islã" através de uma editora católica de propriedade dos marianistas.

"É lamentável tanto por parte do MEC como por parte da editora", disse De la Cierva e precisou que embora a Fundação Santa Maria (SM) "tenha personalidade jurídica civil, tem uma implicação religiosa indiscutível" já que são eles quem editam e distribuem "todos seus livros nos colégios dos marianistas da Espanha".

"Para evitar a discriminação com outras religiões, neste caso a católica, com uma desproporção chamativa nos alunos que a escolhem: 82 por cento na religião católica frente a um escasso um por cento da religião islâmica, espero que o Ministério da Educação e Ciência subvencione igualmente os textos de religião católica, sem restrições editoriais, para todos os alunos", declarou a funcionária.

"O Governo tem uma especial responsabilidade em cumprir a Constituição Espanhola. Caso  contrário, a Administração cairia em uma flagrante discriminação", acrescentou. "Caso contrário, os pais que tiverem optado para que seus filhos recebam religião católica, reclamarão 'a igualdade de trato' que estabelece nossa Carta Magna", precisou.

"A editora não deveria ter se deixado manipular pela Administração", finalizou De la Cierva ao se referir à empresa católica administrada pelos marianistas que ajuda assim à formação das "futuras gerações de muçulmanos em sua fé", como indicou recentemente o jornal  La Razón.

Por sua vez, o diretor geral do Grupo SM, Javier Cortés, afirmou hoje que a editora católica da Fundação Santa Maria decidiu publicar "Descobrir o Islã", por ser esta uma "ocasião fantástica para introduzir a religião do Islã no contato com o sistema educativo".

Na sua opinião, se o ensino da religião islâmica "não vem à luz e se entrelaça com as demais matérias culturais que se dão na escola, nunca se alcançará que a tradição islâmica dialogue de verdade com a racionalidade, a modernidade e os grandes valores da civilização ocidental".

O Presidente da Junta Islâmica, Mansur Escudero, expressou que "não tem lugar que protestem porque a Fundação Pluralismo e Convivência tenha  decidido financiar um livro para os muçulmanos (42 mil euros)".